
Estava divagando sobre episódios de bar, para esta digníssima publicação, quando me lembrei de uma figura especial, o pai da Sasha. Não, não é o Szafir. Era apenas um tipo de meia idade que bebe todas, conclui instantaneamente que conhece você, e quer fazer parte da sua mesa custe o que custar. Com vocês, o “entrão”.
Sasha e a MKB
Voltando de uma confraternização de trabalho, eu e uma amiga resolvemos tomar a saideira em um bar próximo de nossas casas: O Point Bar, na General Polidoro. Um bar de ambiente legal, com um fundão cheio de árvores e chão de pedrinhas. Lugar calmo e tranquilo para trocar ideias e colocar a conversa em dia.
Já íamos na segunda cerveja (saideiras nunca são uma só, aprendam), comendo um tira-gosto e apreciando uns rapazes na mesa logo adiante, quando um senhor, se assim podemos chamar, chega a nossa mesa, obviamente já tendo tomado todas. “Dou um real para sentar na mesa de vocês”. Hã? Como assim, Bial? Nos entreolhamos. Minha amiga calmamente explicou que aquela era uma reunião de trabalho (sim, era mais de meia-noite, e daí?). Ele insistiu e foi novamente rejeitado. O cara sorriu um sorriso cínico e tirou suas conclusões: “ah, já sei, vocês gostam de meninas”. Ah, ótimo, discutir nossa sexualidade com um estranho aquela hora da madrugada nos interessava muito. Então não replicamos, e ele continuou. “Eu já havia percebido, tenho uma filha que é gay, a Sasha. Ela tem 22 anos. Vocês não a conhecem? Ela gosta de freqüentar, como é mesmo o nome daquela boate? KBY, SKB?”. Que ótimo. Minha amiga, como sempre espirituosa, sugeriu: “MKB? Ah, a gente deve conhecer!”.Ele não se deu por vencido: “Mas vem cá, é sério que vocês preferem meninas? Qual a graça de transar com mulheres?” Putaquepariu. O que leva um ser humano a fazer uma pergunta dessas a perfeitas desconhecidas (por mais perfeitas que elas pudessem parecer?).
Foi então que, emergindo entre nuvens de fumaça, chega nosso valente e corajoso anjo da guarda, o garçom, e arrasta o nosso querido amigo de volta a sua mesa – bem distante da nossa.
Benditos os garçons, seres sensíveis e disponíveis – que sempre sobre uma cerveja gelada em suas mãos no final do dia (ou da noite) de trabalho.








































