24/09/2009

Bar ruim é lindo, bicho!


O Dando um ninja de hoje é uma dica de Paulo Oliveira:
um texto do escritor
Antonio Prata.

Bar Ruim é lindo, bicho!
por Antonio Prata

Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos. (Deve ter alguma coisa de errado com uma vanguarda de mais de cento e cinqüenta anos, mas tudo bem).

No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos ficar “amigos” do garçom, com quem falamos sobre futebol enquanto nossos amigos não chegam para falarmos de literatura.

– Ô Betão, traz mais uma pra a gente – eu digo, com os cotovelos apoiados na mesa bamba de lata, e me sinto parte dessa coisa linda que é o Brasil.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais da nossa cozinha. Se bem que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, quando convidamos uma moça para sair pela primeira vez, atacamos mais de petit gâteau do que de frango à passarinho, porque a gente gosta do Brasil e tal, mas na hora do vamos ver uma europazinha bem que ajuda.

Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, gostamos do Brasil, mas muito bem diagramado. Não é qualquer Brasil. Assim como não é qualquer bar ruim. Tem que ser um bar ruim autêntico, um boteco, com mesa de lata, copo americano e, se tiver porção de carne-de-sol, uma lágrima imediatamente desponta em nossos olhos, meio de canto, meio escondida. Quando um de nós, meio intelectual, meio de esquerda, descobre um novo bar ruim que nenhum outro meio intelectuais, meio de esquerda, freqüenta, não nos contemos: ligamos pra turma inteira de meio intelectuais, meio de esquerda e decretamos que aquele lá é o nosso novo bar ruim.

O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na Vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, a gente chega no bar ruim e tá cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, as universitárias mais ou menos gostosas e uns velhos bêbados que jogavam dominó. Porque nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, a gente gosta do pobre autêntico, do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

Os donos dos bares ruins que a gente freqüenta se dividem em dois tipos: os que entendem a gente e os que não entendem. Os que entendem percebem qual é a nossa, mantêm o bar autenticamente ruim, chamam uns primos do cunhado para tocar samba de roda toda sexta-feira, introduzem bolinho de bacalhau no cardápio e aumentam cinqüenta por cento o preço de tudo. (Eles sacam que nós, meio intelectuais, meio de esquerda, somos meio bem de vida e nos dispomos a pagar caro por aquilo que tem cara de barato). Os donos que não entendem qual é a nossa, diante da invasão, trocam as mesas de lata por umas de fórmica imitando mármore, azulejam a parede e põem um som estéreo tocando reggae. Aí eles se dão mal, porque a gente odeia isso, a gente gosta, como já disse algumas vezes, é daquela coisa autêntica, tão Brasil, tão raiz.

Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelos Rider e a Vejinha sempre alerta, pronta para encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o Sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?).

– Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De Salinas quais que tem?

21/09/2009

Lançamento do livreto: Caliban 5


Mais um lançamento pra galera!

Dessa vez, o escritor e poeta Leonardo Santana comete pequenos delitos e ainda os divide conosco:


(Capa do autor sobre a pintura a óleo e pastel de autoria de Bizarro)

"Este livreto contém humor sarcástico relatado em seis contos divertidos que dão saída ao delírio das paixões dos quais beiram simultaneamente o tragicômico".

O livreto pode ser encontrado na Big Banca (banca de revistas de Carlos), que fica na Av. Dr. Sofrônio Portela- Centro - Moreno-PE (prox. à Pça. da Bandeira) ou com o próprio autor.
O preço é de R$ 3,00

Contatos:
email: leonardoleu@hotmail.com / tel.:8879.4131

20/09/2009

Cada um com sua mania

Segundo a mitologia etrusca, mania é a personificação da loucura. Para a psiquiatria, o distúrbio mental caracterizado pela mudança exarcebada de humor, com alteração comportamental.

Outro dia eu estava lendo um site sobre manias (eu tenho mania de descobrir novos sites) e descobri que existem manias iniciadas por quase todas as letras do alfabeto.

Manias iniciadas pela letra “A”: Ablutomania - Ato de lavar-se com frequência,
Algomania - mania de sentir ou fazer sentir dor,etc;

“B”: Bibliocleptomania - Mania em roubar livros,etc.

E por aí vai, existe até a Orkutmania (mania de ficar a maioria do tempo no orkut).

E não é que depois de ler essa matéria eu adquiri uma nova mania? A mania de ficar prestando atenção nas manias do outros e não existe lugar melhor para isso do que numa mesa de bar. Resolvi então enumerar algumas:

1- Mania de brindar, mas não um simples brinde, tem que brindar e dizer: "beber sem brindar são dez anos sem trepar e brindar sem beber são dez anos sem fuder". Recentemente descobri que já existe um complemento para essa mania, uma amiga me disse que tem que brindar olhando nos olhos, do contrário, são dez anos sem gozar;

2- Mania de bater com o copo na garrafa, mas não pense que é uma simples batidinha não. São três batidas estratégicas. Uma na base da garrafa, outra no meio e uma no gargalo e, geralmente, quem tem essa mania faz questão de demonstrar que tem habilidade e a cada batida vai aumentando a velocidade;

3- Mania de recitar uma loa. Antes que apareça alguém achando que LOA seja a sigla para Lei Orçamentária Anual, eu vou explicar. Loa, na verdade, eram versos em louvor de santos, mas que algum bêbado cristão adaptou às mesas de bares. Exemplos de loa: “abre-te goela que lá vai ela”, “bebo para esquecer, mas nunca esqueço de beber”, e agora devido a globalização já existe até loa em espanhol: “abajo, arriba,ao centro, adentro”;

4- Mania de jogar um pouco para o santo. Confesso que procurei na internet para ver se existia algum santo relacionado à bebida, mas não encontrei. No máximo o que apareceu foi a Pomba Gira, mas não essa de santa não tem nada;

5- Mania de riqueza. O cara depois que fica bêbado fica parecendo ganhador da Megasena acumulada. Quer pagar a conta de todo mundo;

6- Mas a pior mania que já vi foi um cara que quando enchia a cara começava a imitar o Sérgio Mallandro. Depois de uns cinco copos o cara começava gritar:
pegadinha do Malaaaaaaaaaaaandro!
iéié, glu glu
”.

É por essas e outras que até a Pitú virou mania. Mania de brasileiro.

17/09/2009

C* de Bebo...

09/09/2009

Lançamento: Cabeleira e outros cordéis de cangaço

Atenção! Atenção!
Sábado que vem (12/09), por volta das 12h, no Mercado da Madalena, nosso butuqueiro e cordelista Rafael de Oliveira estará lançando seu livro Cabeleira e outros cordéis de cangaço.

"E foi dizendo ao intruso:
-Lampião, cabra safado,
Saia das minhas lavouras
E volte pro seu roçado.
Se me peitar, seu bizonho,
Eu sangro você deitado

-Essa terra, Cabeleira,
Não me tem jurisdição.
Fui ao cartório civil
E não vi seu dono então.
Por isso vai se tornar
Roçado de Lampião."

(trecho d'O Encontro de Lampião com Cabileira
)



Segundo Rafael, o "bar é o que que faz quina com o bar dos cornos... não tem erro" (???). Enfim, o cába garantiu uma grade pra quem aparecer por lá. :)

Data: 12.09 (sábado)
Local: Mercado da Madalena (bar que faz quina com o dos Cornos)
Horário: meio-dia
(mais ou menos)
Preço: R$ 3,00 (2 por R$ 5,00)

05/09/2009

Buena Vista Social Club Stars em Olinda

A Mostra Internacional de Música em Olinda (MIMO) - que acontece de 1 a 7 de setembro - além de grandes nomes como: o violinista francês Didier Lockwood e Ricardo Herz; o pianista Cesar Camargo Mariano e o St. Petersburg String Quartet (da Rússia); neste sábado, terá o lendário grupo cubano BUENA VISTA SOCIAL CLUB Stars.

A origem do grupo remete aos anos 40, quando artistas de Cuba se reuniam em Havana, num clube de música, dança e atividades sociais. Após o fechamento do clube, lançaram nos anos 90 o disco Buena Vista Social Club, sucesso internacional que inspirou o diretor alemão Wim Wenders a realizar em 1999 o documentário sobre os veteranos da música cubana, premiado e aclamado em todo o mundo.



Na turnê brasileira o grupo será formado por 12 integrantes, entre eles (
da antiga formação): Amadito Valdes, “a baqueta de ouro do Buena Vista”, Barbarito Torres, “o rei do Alaúde” e Tereza Cartula (voz) que prometem surpresas ao público da Mimo.


E vamos todos ao cuarto de Tula!

Data: 05.09 (sábado)
Local: Espaço BNDES, Praça do Carmo (Olinda/PE)
Horário: 21h30
(na hora do Brasil x Argentina)

Programação completa