27/02/2009

Figurinhas de mesa de bar – o entrão


Estava divagando sobre episódios de bar, para esta digníssima publicação, quando me lembrei de uma figura especial, o pai da Sasha. Não, não é o Szafir. Era apenas um tipo de meia idade que bebe todas, conclui instantaneamente que conhece você, e quer fazer parte da sua mesa custe o que custar. Com vocês, o “entrão”.

Sasha e a MKB

Voltando de uma confraternização de trabalho, eu e uma amiga resolvemos tomar a saideira em um bar próximo de nossas casas: O Point Bar, na General Polidoro. Um bar de ambiente legal, com um fundão cheio de árvores e chão de pedrinhas. Lugar calmo e tranquilo para trocar ideias e colocar a conversa em dia.


Já íamos na segunda cerveja (saideiras nunca são uma só, aprendam), comendo um tira-gosto e apreciando uns rapazes na mesa logo adiante, quando um senhor, se assim podemos chamar, chega a nossa mesa, obviamente já tendo tomado todas. “Dou um real para sentar na mesa de vocês”. Hã? Como assim, Bial? Nos entreolhamos. Minha amiga calmamente explicou que aquela era uma reunião de trabalho (sim, era mais de meia-noite, e daí?). Ele insistiu e foi novamente rejeitado. O cara sorriu um sorriso cínico e tirou suas conclusões: “ah, já sei, vocês gostam de meninas”. Ah, ótimo, discutir nossa sexualidade com um estranho aquela hora da madrugada nos interessava muito. Então não replicamos, e ele continuou. “Eu já havia percebido, tenho uma filha que é gay, a Sasha. Ela tem 22 anos. Vocês não a conhecem? Ela gosta de freqüentar, como é mesmo o nome daquela boate? KBY, SKB?”. Que ótimo. Minha amiga, como sempre espirituosa, sugeriu: “MKB? Ah, a gente deve conhecer!”.

Ele não se deu por vencido: “Mas vem cá, é sério que vocês preferem meninas? Qual a graça de transar com mulheres?” Putaquepariu. O que leva um ser humano a fazer uma pergunta dessas a perfeitas desconhecidas (por mais perfeitas que elas pudessem parecer?).

Foi então que, emergindo entre nuvens de fumaça, chega nosso valente e corajoso anjo da guarda, o garçom, e arrasta o nosso querido amigo de volta a sua mesa – bem distante da nossa.


Benditos os garçons, seres sensíveis e disponíveis – que sempre sobre uma cerveja gelada em suas mãos no final do dia (ou da noite) de trabalho.

10 comentários:

Alisson da Hora disse...

Bê-bo (não sendo a gente) é sempre uma criatura chatíssima...

[em off: "bê-bo" forma hifenizada do vocábulo "bêbo", contração usual de outro vocábulo "bêbado", tem obviamente aqui, uma conotação irônica acerca do soluçar (ic!)destes seres complicados, viu srta.Medievas?]

ic!ic!ic!

Medievas disse...

E tem a ver com o soluçar da autora tb? kkkkk Irei afundar o acordo ortográfico num copo de cachaça. Hummm, boa ideia. Aliás, boa ideia sem acento não deve ser 51.

Alisson da Hora disse...

boaideia
chicaboa

oqueimportaéqueoseutextosaiu

só não invente de tomar aquela caninha que se vendia no velho Mercado de São José

nabunda (sem hífen mesmo, embora eu imagine que alguém que passe por essa experiência peculiar não vai conseguir deixar de visualizar algo que lembre um hífen, ou, vá lá, um travessão...

Judapaz disse...

tem homens com auto estima alta, hein... chega a ser uma piada. O fato de não se interessar por eles põe automaticamente a mulher na posição de homossexual. É brinquedo?

pablo disse...

o que admira foi a quantia! 1 real é foda!!!

vcs devem ter se perguntado: "tô pôdi?"

Márcia disse...

Muito bom. Infelizmente o tal do "entrão" é figura típica nos bares da vida - independente da categoria. Com sua elevadíssima auto-estima, certos homens se consideram sempre bem-vindos em mesas onde não há outros demarcando território. É uma barra!

Luiziana disse...

Só para reforçar o raciocínio "to pôdi" de Pablito, uma versão feminina da frase que melhor representa esse sentimento:
"Pelo amor de Deus, Seu Moreira! Eu achei minha buceta no lixo, foi?"
haushushau

Anônimo disse...

SE VCS QREM FALAR DE BOTECO FREQUENTE-OS... POR AI TEM O BAR DA FOSSA, PQ NAO VAO LA?
E NAO FIQUEM REPARANDO NOS TEXTOS -MAUS- ESCRITOS VISSE...
AQUI SE FALA A LINGUA DOS BOTEQUEIROS!
SEGAM O EXOMPLO DE dompablito Q ESTE BOTECO FICA BEM MAIS ORIGINAL.

Medievas disse...

Anônimo, a brincadeira sobre a língua era só piada interna! rs Coisa de gente que lida com letras todos os dias! rs

Medievas disse...

Ah, só a título de informação: botequeiro é gente séria também! Os textos aqui escritos geralmente são provados e aprovados por alguns leitores-provadores especiais. :)