31/01/2009

Obama, O Brahma


Este é um ano periniano. Sim, do períneo, amigos leitores. Pois como o períneo divide o cu do côncavo e do convexo (pra você, Rei Bob Carlos), o ano de 2009 divide um ano olímpico de um ano de Copa. E teremos a Cidade da Copa! Viva Dudu! As pesquisas já falam em Dudu X Já-Já em 2010: um amigo meu disse que era Dudu e dava o primeiro turno a Já-Já... Comentários a parte, estamos aqui para falar de álcool. Eu vim aqui por isso. (Parodiei o Paulo Lins no livro Cidade de Deus).

Bem, em virtude de tanto ligar a TV e ver uma dança típica dos mais variados botecos desse mundão a fora que é a Nação Pernambuco (a outra nação que fala português na América do Sul. Na América do Sul mesmo, porque Miami também é uma nação...) roubada, estuprada, sodomizada, e pior, americanalhada por nossos telejornais (nem sei se está correto isso ainda...)... Pomba, dizer que uma dança que tive com uma figura em 2003, em frente ao bar Castelo Marrom, aquele mesmo por trás do Shopping Boa Vista (PS: a figura era uma mulher, pra que não fiquem pensando besteiras), agora é a Dança do Obama!!!
O pior é que não posso mais fazer nada contra isso, porque tal nomenclatura pegou. Agora não sobrou nem pro arrocha; é Dança do Obama mesmo!!


Mas como diz Regibral ,um amigo meu, "Queres esquentar o cu com rola fina?", eu não vou fazer nada, até porque, como também diz meu irmão caçula: "Merda cagada não volta ao cu". Também vou entrar na onda e dizer que é a Dança do Obama mesmo. Rabisquei até um nome em latim: Obamae Bailarinassus. Sei, sei: está uma merda. Mas fazer o quê? A Novela das 9 também está e não é que me deu saudades da Flora?! Fiquei com uma saudade tremenda daqueles agudos chitãozinho-xororianos "Quando beijei ele nunca mais amei ninguém..." Se a letra estiver errada, foi mal... Mas aí, caros leitores, voltamos ao ano periniano. A crise aumentando, O Democratas, o partido do DEMO, falando que nem pastor, o BBB zoological todo dia, Brad Pitt no cinema, e Obama na Globo, no SBT, na Record (viva Edir Macedo! E me lembrei do cristão que tem um certificado de terreno assinado por Jesus Cristo. Tocante.), até na MTV!!! Só faltava também no Programa de Adherval Barros!!!

Porém, assisto à novela “O Caminho das Índias”, e concluo: eu também quero encontrar o caminho das índias. Todas elas. Observo a dança do ventre, os rebolados tupininquins dançando que nem amuleto de hipnotizador, pra lá e pra cá... pra lá e pra cá. O que é que tem brasileiro pra achar que sabe a cultura de todo mundo? Vem o comercial: lá está Obama. Volta a novela. Volta o comercial: lá está Obama. Aí o bebum do lado, mais pra lá de Marrakesh do que Teerã, diz entre perdigotos: - Esse Obama deve ter uma macaca da gota serena. Tomo mais um gole. Reflito. Olho pra Obama com uma certa inveja. O cara fala em novos tempos, um novo mundo... eu acredito (sim, o álcool já dominava meus sentidos), e penso em Obama como um deus, um deus negro com a macaca de Ganga Zumba. Reflito: ele vai criar novos tempos; ele é um deus. E envolvido pela novela global, lembro-me do deus da criação para os hindus e da cerva gelada nos meus beiços: Obama devia se chamar O Brahma.


30/01/2009

Se alguém souber, eu choche!


Botequeiro (ou butuqueiro, tanto faz) que é botequeiro (butuqueiro) tem bom papo (além de ser papudinho). E nessa de ter bom papo, quando o trinômio mulher-futebol-política descambar pra baixaria-quase-agressão-física, o botequeiro (butuqueiro) da paz (o que inclui obviamente os do Bar de Zé da Paz, né, Ju? Né, Ray?) deve ser assaz habilidoso para mudar repentimanente o rumo da prosa. Fugir do trinômio nefando e escatológico é urgente.

Mas o que fazer? É necessário que a arenga seja interrompida por um assunto que ninguém domine. Algo fora do comum, mas que seja levemente conhecido de todos de modo a causar curiosidade. Algo que seja conhecido sem ser inteiramente conhecido.


Vou tentar dar um exemplo. Talvez o melhor. Digo por experiência própria. Trata-se do esotérico tema da “baunilha”. Sim, não estou bêbado enquanto digito estas mal-tecladas. Falo do misterioso assunto da “baunilha”. Me explico melhor. Quando, os ânimos estiverem exaltados, naquela pausa entre um “vai te fudê, e Carlinhos Bala é jogadô” e um “teu time é o bom, quero é vê no Arruda, pai!”, você, pacífico etílico, deve soltar rapidamente a frase-desafio:

- NESSA MESA SÓ TEM GENTE SABIDA, MAS SE ALGUÉM AQUI JÁ VIU UMA BAUNILHA, EU CHOCHE!

Em tempo, “choche” é forma verbal que vem de chochar (ficar chocho, seco, fraco que nem "caldinho de salsicha"). Trata-se de uma alternativa ao tradicional “eu cegue” (que não deve mais ser usado, em respeito a portadores de necessidades especiais).


Em cerca de 98% das vezes em que usei a frase, a arenga sofreu no mínimo uma suspensão de meia-grade de cerveja. Não raro, os olhos de todos os presentes ostentam aquele ar de dúvida e de tentativa de acessar o recôndito banco de dados cerebral. Quase nunca o google dos miolos das pessoas guarda imagens e textos sobre baunilha. Só referências ao sabor.


Mas quase sempre você será interpelado com um “sim, e o que isso tem a ver com a conversa?” Não desista, insista. Vale até dizer: “dou uma grade de Bohemia se alguém aqui provar que já viu uma baunilha na vida. Pra ganhar, tem que descrever como ela é”. Aí, negão, o bicho pega. Por uma grade de Bohemia, vão surgir blefes e erros crassos como aquele de quem diz “grandes merdas, baunilha é o nome de uma essência que se bota em bolo e sorvete.”

E tu, com a alma regozijante, vai responder com um sorriso sarcástico: “É muito essência, visse, boiocó? A essência é extraída da baunilha, ela não é a baunilha”. Nesta altura, arenga nenhuma mais se registra sobre o trinômio mulher-futebol-política. Já tem neguinho caladinho, só esperando a resposta, morto de curiosidade. Todos estão com o ridículo assunto da baunilha nos cérebros já encharcados de álcool.


Não fale logo. Beba alguns bons goles de geladinha e coma bons pedaços de charque com batata e sempre sorria o sorriso dos vitoriosos. Espere as manifestações de impaciência de todos e quando um mais afoito disser que nem mesmo você sabe o que é uma baunilha, mostre erudição e explique da seguinte forma:


“Baunilha é uma espécie de orquídea que dá umas vagens grandes de onde se extrai um aromatizante bem caro, usado pra dar cheiro em chocolates, sorvetes, bolos e até em perfumes, cremes e outras coisas.”


Mas se quiser, pode ser mais pedante e afetado e dar uma explicação mais técnica como essa:

“designação comum às plantas do gênero Vanilla, da família das orquidáceas, com 100 espécies, de lianas escandentes, epífitas, por vezes afilas, cultivadas pelos frutos compridos, dos quais se extrai a essência de baunilha”.

Pronto, botequeiro (butuqueiro) da paz. Sua missão cristã foi cumprida. Pelo menos por meia-grade de cerveja, não houve arenga e você ainda deixou gente doida pra chegar em casa e digitar no google “baunilha” pra finalmente ver como a bicha é e não passar vexame nunca mais.


P.S.: Você pode substituir a baunilha pelo lúpulo, componente da cerveja, se achar que o primeiro tema é muito nada a ver. Eu também choche se tu souber e já tiver visto um lúpulo. Vai lá a explicação: “O lúpulo é uma flor da família das canabidáceas - sim, a mesma da maconha! - que entra na composição das cervejas. Apesar do parentesco, a planta não tem efeito entorpecente: serve para dar à cerva seu amargor, além de contribuir no aroma da bebida. Para quem se preocupa com o hábito de entornar uns copos, vai um alento: o lúpulo pode fazer bem à saúde. Ele possui antioxidantes naturais potentes. Como antioxidantes entendem-se substâncias que retardam a deterioração de tecidos celulares".

28/01/2009

Vivendo no Morro


"Tudo vale a pena se a alma não é pequena" já dizia o poeta Fernando Pessoa. Baseado neste poético pensamento é que falo aos amantes do turismo regional sobre as maravilhas que o Morro da Conceição reserva a todos: uma igreja novinha em folha digna de ser chamada " Catedral de Nossa Senhora da Conceição", belas paisagens pra todos os lados que a vista alcançar, ar puro, bares e um povo festeiro.

Não sei falar ao certo de onde vem a hospitalidade do cidadão morrense. Às vezes penso que são as mãos de Nossa Senhora sobre nossas cabeças... A única certeza que tenho é que temos diversão pra todos os tipos de aventureiros.

Pra quem gosta de comida caseira quentinha e aquela cervejinha, temos várias opções como o Bar da Geralda que serve, entre vários pratos, uma galinha cabidela de dar água na boca; já o Bar de Lula, tem uma carne de sol com queijo qualho e uma verdurinha que é de impressionar pelo preço baixo e pelo sabor. Para os dançarinos de plantão, temos a famosa Escola de Samba Galeria do Ritmo com seus batucajés suingados e o Acadêmico com noitadas de muito brega e cubanas. Coisa fina pra ninguém botar defeito.

Aos ortodoxos de plantão, lembro que o primeiro milagre de Jesus consistiu em transformar água em vinho, por isso o morro nem impressiona tanto nos momentos "religiosos". Outro dia estava olhando o movimento na praça, quando passou um cabôco rezando com uma vela na mão, quando menos esperamos, lá vem o sem-vergonha trêbado com um copo de cana e cantando um brega rasgadíssimo.
É mole?

Mas dentre outras coisas que o Morro oferece, quero destacar a iniciativa corajosa de duas jovens que, na tentativa de driblar a dificuldade financeira, inteligentemente puseram uma tenda de delícias típicas da culinária nordestina com um toque especial nos pratos e na organização.
Sob a tenda azul, o cliente encontra, aquecido por panelas de barro em fogo de lenha, delícias como: sururu de coco com camarão, arrumadinho, dobradinha, sarapatel e muito mais.
Tudo preparado com muita sensibilidade, tempero suave, caldo apurado e saboroso - dignos dos paladares mais exigentes.
É a famosa Barraca do Surubão. O nome é curioso e combina com a variedade dos pratos servidos pelas simpáticas jovens Sandra e Ana, que além de tudo, cozinham e administram o simpático ponto.

A Barraca fica na
rua principal, próximo a galeria, em frente a antiga barraca de Seu Tonhinho (morador que mantém em sua mente lúcida as histórias mais antigas do morro).

Então, sigam a dica do chef Felic: reservem um final de semana e venham conhecer o Morro da Conceição, nossas belezas, rezar aos pés da padroeira do Recife e comer as delícias da Barraca do Surubão. Depois de experimentarem todo esse leque turístico aposto que um regresso ao morro será algo imprescindível.


Abraço a todos.

27/01/2009

Fim de semana perfeito


Noite de sábado. Na calçada do Bar Moreno a cerveja, como sempre, super-hiper-mega-plus-ultra-power gelada. A batata com charque (ou charque com batata?) deliciosamente derrete na boca. A conversa rola solta. Os assuntos são os mais variados: futebol, política, cachaça, rock’n roll, etc. Eis que surge. . . “um boyzinho” (by João do morro), com o seu carrão super equipado, rodas de liga leve, aerofólio com brake light, spoilers laterais, farol xenon, saída do escape cromada, suspensão rebaixada. Cotovelo esquerdo apoiado na janela do carro e a direita no volante. Óculos escuros Spy, bermuda Seaway, tênis Nike, camisa do Olinda Beer do ano passado, cabelo moicano e bastante gel. Pára (agora não sei mais se é com ou sem acento) o carro próximo a calçada. Desce e abre a mala. É aí que começa a tortura. Ele liga o som. E para variar (MODE IRÔNICO) a música é quebradeira. E para variar mais ainda (MODE MAIS IRÔNICO AINDA) a banda é Marreta You Planeta. Ou melhor, eu acho que seja, afinal, é quase impossível distinguir das demais bandas de quebradeira. Ainda mais naquela altura. Logo encostam as “piriguetes”. Sainha curta, cabelo na chapinha, topzinho e salto alto. Nem sóbrio eu me equilibraria num troço desses. Morga o nosso papo. Vou-me embora. . .

Na volta pra casa, lembro-me que ainda restam umas latinhas de Skol na geladeira. No fogão a sobra do macarrão do almoço. Macarrão frio não rola. Decido esquentar. Não apenas esquentar. Ponho em prática meus dotes culinários (muito abaixo dos dotes do Mestre Felic). Sardinha, milho, ervilha, azeitona, maionese, catchup e farinha são acrescentadas ao macarrão. Descubro um restinho de doce de jaca na geladeira. Receita especial da minha sogra. Bebida, comida e sobremesa. O que mais um homem pode querer na vida? Ah! E livre da quebradeira. Para comemorar ponho um CD de Raul. Era isso o que faltava para completar a minha plena satisfação. O macarrão e o doce de jaca não combinam muito bem na barriga. A descarga quebra. Fica parecendo que o banheiro do Arruda fica na minha casa. Então tento descansar no meu quarto. Mesmo com o ventilador quebrado. E até consigo superar o calor por causa do suor que está frio. Mas só por uns dez minutos. Porque o vizinho liga o som na maior altura. Dessa vez não é quebradeira. É brega (pintei/ o meu cabelo/ me valorizei/...)

Noite de terror. Altas horas da madrugada. O vizinho abaixa o som. Decido salvar a noite e assistir a um bom filme. Ingenuidade a minha. Bom filme na televisão numa noite de sábado é quase que impossível. Assisto a mais uma reprise na emissora do Plim-plim. O filme acaba e nem ao menos me lembro do título. Foi apenas um aperitivo. Estava esperando pelo “Altas horas”. Boas bandas. Bons convidados. Tem o púlpito. E ainda tem aquela mulher falando de sexo. Até que a noite não foi totalmente perdida.

Então eu durmo para chegar logo domingo. Dia de reunir os amigos. Dia de pegar a estrada e ir para a Ilha. Dia de vestir o manto sagrado. Pegar a bandeira do leão. Dia de desviar das blitz. Dia de um monte de coisa.

Chego ao estádio da Ilha do Retiro. A mensalidade está há sete meses atrasada. Enfrento uma fila enorme para pagar três parcelas e ficar em dias. Assistir ao jogo na arquibancada nem pensar. Lá o sol castiga a tarde inteira. Pago as três parcelas. Problema resolvido, em partes. Pego agora a fila para comprar o ingresso das sociais. Outra fila enorme. Ingresso comprado. Sigo rumo às sociais. Passo pela barraquinha de espetinhos. Lembro-me do piriri da noite anterior. Desisto do espetinho. O jogo começa. Fico só na água mineral. Cagar em estádio de futebol é um desafio que prefiro não enfrentar. O Sport pressiona. Bola na trave. O Ciro faz um gol. E mais outro. O time adversário só assiste. Fim de jogo. Sport líder isolado do campeonato.


E o fim de semana não poderia ter sido melhor.

26/01/2009

Sinuca de bico - Trio Pouca Chinfra e A Cozinha


na Radiola do Boteco desta semana, um sambinha maroto do Trio Pouca Chinfra e A Cozinha.

É som pra tomar umas e bater na caixinha de fósforo OU pra bater umas e... er... bem... ouçam aí:

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Na mesa bilhar tamanha foi esta aflição
ao enfrentar minha parceira,
Acostumada a madrugada e com o taco sempre a mão,
Pede licença e me provoca, ai, que faceira!

Finge-me distraído e fui de encontro à grande dor,
Ela sorriu, me pediu um minutinho.
Roçando o taco às suas pernas em meu ouvido sussurrou:
"pode deixar que quando eu boto é com carinho."

A desgraçada, mas que sinuca de bico!,
Com primazia todas numa só tacada
E ainda me pede: "vê se joga mais bonito, caro amigo
Bola branca não é pra ser encaçapada."

Se é despeito do teu peito, eu me retiro.
Se te fascina me humilhar sem ter pra quê,
Eu largo o jogo, penso numa canção bonita,
Compro uma ficha e arrisco um botticceli ao karaokê.
Eu largo o jogo, penso numa canção bonita,
Pouca chinfra, e arrisco um pavarotti ao karaokê.

23/01/2009

Quando a água é um excesso


Da série: soluções de mesa de bar

Sempre há algo que nos enerva a paciência e estressa mesmo em uma happy hour. Não tem problema, sempre há algum grande inventor para surgir com ideias práticas e criativas, como o tal gancho de bolsa de que falei na crônica anterior.

Quero presentear vocês, meus inúmeros leitores, com mais uma boa ideia (não, não é um quartinho de 51 – hum, mas bem que poderia ser).

Nas minhas saídas para bares, uma coisa que me tirava o juízo é aquela aguinha que insiste em encharcar nossas mesas. E, como consequência, os garçons que insistem em interromper uma conversa indiscreta com seus paninhos nem sempre tão limpos e cheirosos, para evitar que a tal aguinha vire um rio que, invariavelmente, vai se esparramar nos nossos colos.

Muitos têm até manias de bar: tive um amigo que costumava girar o copo na mesa para evitar que pingasse em sua roupa. Outros usam os dedos para fazer pequenas trilhas que levem o tal riozinho para as quinas da mesa. Tem quem use guardanapos, mas esses empapam rapidamente, e aí somam-se à aguinha bocados de papéis molhados.

A melhor solução veio de uma amiga minha, a Dan, com quem conheci muitos bares e sabores nos últimos anos. A dica é meio mágica, mas deve haver alguma explicação química para o processo – pergunte ao seu professor de química, se você tiver algum.

Experimente: da próxima vez em que sentar em uma mesa de bar, peça ao garçom que traga guardanapos e saleiro. Ele provavelmente vai te olhar enviesado, mas não importa. Pegue um dos guardanapos e jogue sal em cima dele – sempre sem olhar para o garçom, que a essa altura, deverá estar adequadamente achando você maluco. Então pouse seu copo sobre o guardanapo e pronto! Você verá que a água será rapidamente absorvida pelo papel, que demorará um certo tempo para precisar ser trocado.

Espero que eu tenha contribuído para seu bem estar social com mais essa dica. O problema é se os seus companheiros começarem a achá-lo louco, mas, a menos que você coma a conta ou veja duendes sorrindo na garrafa de licor de menta, acho que não fará tanta diferença.

19/01/2009

A Língua Portuguesa dos Botequeiros


Mediante tais acontecimentos, calamidades ou reviravoltas quanto à escrita de nossa Língua Portuguesa, "A Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica Latim em Pó", podemos iniciar desde já, a apresentação de verdadeiros quitutes da gramática de Bar, e bar periférico, especificamente, pois é onde acontece as mais variadas metamorfoses de nossa língua quanto a tudo aquilo que os linguistas (agora sem trema) adoram discutir - nesse ponto linguista é igual a pedagogo: existe para ocupar espaço.

Aí vai um verdadeiro duelo: A Língua Portuguesa dos Botequeiros X A Língua Portuguesa dos Luso falantes, porque botequeiro tem seu próprio "linguajar"!!! Imaginemos que se dois homens estivessem num boteco, o Bar Setanejo, por exemplo, localizado no Curado IV, avenida I (podem me criticar, estou fazendo propaganda sem ter direito a fiado), ambos estão a contemplar o pôster da Juliana Paes e sua Antarctica - a Boa - e um dos sujeitos diz:

- A Juliana Paes é melhor do que a Deborah Secco (que por sinal está mais seca que a seca de Munguengue).

Ouvindo tal frase comparativa de superioridade utilizando o adjetivo "bom/ boa" em forma especial para comparações "melhor", o segundo sujeito, o ouvinte, entende o comentário a sua maneira e responde:

- Não, não acho. A Deborah Secco sempre foi melhor atriz que a Juliana Paes.

O primeiro sujeito, o falante, fica injuriado:
- Não, mas eu não estou falando disso; estou dizendo que a Ju (na intimidade) é mais gostosa que a Deborah.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!

Até aí, caros leitores, uma babaquice de exemplo. Mas vejamos como seria se esse diálogo na linguagem nacional tupininquim dos bares:

- A Juliana Paes é MAIS BOA do que a Deborah Secco.
- Sem dúvida. A Bicha é gostosa pra caralho!
- Pra caralho, não; pro meu caralho...

Viram como o diálogo foi mais vivo, direto, eloquente, dinâmico e acima de tudo lacônico?! Isso porque na Linguagem Gramático-escolar, a forma MAIS BOA só é utilizada numa especificação de características comuns a um só ser. Exemplo:

Juliana Paes é boa e burra. Mais boa do que burra (nem tanto, né gente?).

Contudo na conversa de Bar, nós, adeptos da Linguagem Gramático-de-Bar, não sofremos tais problemas, pois é como se viu: MAIS BOA pra nós é uma obrigação. Juliana Paes pode ser melhor em diversas coisas, mas quando quisermos expressar elogios a seus atributos físicos em comparação a outrem, devemos sim, utilizar a forma MAIS BOA, no sentido de gostosa.
Botequeiro, orgulhe-se de seu "linguajar", pois não precisamos de convenções para discutir nossas metamorfoses linguístico-sociais, apenas de uns dois dedos de cerva gelada!!!!

"Se cachaça era o diabo,
Pra que bebeu?
Se o copo era grande,
pra que encheu?"

(Versos de cunho popular, imortalizados por Ascenso Ferreira)

18/01/2009

Quem bota quente é eu - Banda Top 10


O Cais de Santa Rita é um terminal de ônibus de Recife que do lado de fora possui um dos ambientes mais rock'n'roll pra se tomar umas...

Esperando ônibus [do lado de dentro], já vi muitas coisas acontecerem [do lado de fora]: garrafas e cadeiras voando, bêbo apanhando de vassoura, coroas pagando de gostosos[as],
cheiras-cola dando botada, "turistas" sendo enrolados por raparigas; mas nada se compara as coreografias da galera que bebe nos bares lá.
Tudo muito envolvente [zenzual! zexy!] e cheio de malícia, como essa música que ouvi lá e compartilho com vocês:

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quando chega a noitada/ me dano pra gafieira / minha calcinha fio-dental/ de sainha, é só doideira
entro nesse movimento/ muito louca
vou descendo até em baixo/ tua mulher vai me olhar
vai ficar só me olhando/ e eu cheia de kisuqui / essa sebosa mulher feia/ fica olhando meu orkut
aí eu tiro onda/ dou uma reboladinha
passo a mão no meu cabelo/ dou tchauzinho pra queridinha
ela vai passar por mim/ vai morrer do coração / se ela soltar piada/ vai rolar é confusão
quem tira onda é eu [2x] / eu não como de ninguém / aqui quem bota quente é eu

16/01/2009

As coisas acontecem... [01]





Nota do Boteco:
É com a alegria deste papudinho de sua primeira ilustra que,
depois de meses de negociação, finalmente, De Butuca no Boteco tem a honra de anunciar a contratação de um dos MAIORES ilustradores de todos os tempos: o will-eisner-pernambucano, o robert-crumb-das-muribecas, o baluarte da arte, o inimitável Flááávio Valdevino - ou simplesmente, Flavão Brodagem.

Flavão nasceu em Muribeca [Jaboatão-PE] e desde moleque é viciado em quadrinhos. Mais pra frente se "aviciou" em música de 1ª, numa
cachacinha de leve, boas conversas e otras cositas más...

Pois bem, seja "brodando" na João [de Barros], pagando
cotas no Mercado da Boa Vista com vale B, conversando política aos berros nas reuniões da C.O.R.J.A. ou discotecando pra velha-guarda no Bar de Seu Noé e Dona Severina [points muribequenses]; Flavão é um exemplo raro de dedicação responsável à vida boêmia a ser seguido.

Dono de um traço rebuscado-tosco inigualável (próprio de quem conhece tão bem este mundo cachacístico); ninguém melhor do que ele, para retratar com tanta fidelidade a alma das bocadas botequenses e seus personagens.

E pra encerrar esse assunto: "Flavão, eu tô ligado que tu tá ligado que eu tô ligado,
meu patrãããão!!!"

Juízo.

13/01/2009

Café Cordel


Essa receita vai pra quem não tem medo de se embriagar...

Existia no Recife Antigo, numa rua por trás da rua Bom Jesus, um barzinho chamado Café Cordel. De ambiente deveras aconchegante, música ambiente de qualidade incontestável e uma comidinha de dar água na boca até dos anjos.

Bom, esse tal café, me traz infinitas lembranças de noites festivas, chás da tardes, happy-hours, serestas e jantares deliciosos com amigos do trabalho, namorada, família e até encontros carnavalescos. É uma pena que fechou...

Lembro como hoje do gosto do carneiro com ervas, tapioca com leite de coco, carne de bode, bolo de fubá, nega boa [bebida à base de sorvete de café e chocolate] e tantos outros quitutes presentes na culinária nordestina e tão bem servidos aos clientes de Seu Francisco.

Ele, amante da boa música e literatura nordestina, colecionador de discos vinis e folhetos de cordel, administrava o bar como um pai italiano: muitos filhos sentados numa grande mesa e muita fartura.
Tudo isso se refletia no bom atendimento que o Café proporcionava a todos.

Lembro também das noites de lua cheia, dos shows ao vivo do nosso grande amigo Crente, dos poetas e seus recitais, de violões e flautas líricas nas prévias carnavalescas onde blocos de frevo-canção se encontravam para saudar seus foliões ali presentes.

Saudades de um tempo que faço questão de guardar na lembrança, contar nas rodas de amigos e, agora, dividir com vocês, leitores do "Butuca". Foi justamente no Café Cordel que entre várias coisas, aprendi a saborear a boemia e uma boa caneca de chope com licor de menta. Foi justamente essa caneca de chope que me motivou a escrever essa coluna pra vocês.

Meu amigo, pense numa coisinha gostosa pra deixar o cabôco com gosto de quero mais. E era justamente o que acontecia: eu sempre queria mais. Nunca parava na primeira caneca... E olhe que a caneca era grande, meu véi. Mas, deixemos de "pra-quê-isso" e vamos a receita:

Ingredientes:
-Uma caneca de 350ml com chope geladinho;
-Um calice de licor de menta;
-Um fígado novo em folha;
-Dois engov;
-Tempo de sobra;
-Amigos a gosto.


Modo de preparo:

Misture metade do calice de licor com o chope, beba ponderadamente e depois de se surpreender com o sabor adocicado do licor com o amargo do chope, faça uma reflexão do quanto consciente está seu subconsciente. Se seu subconsciente se encontrar no estado consciente, mergulhe de cabeça na segunda rodada de birita. Lembrando que cada rodada consiste de duas canecas do chope, logo, analise bem antes de enveredar nesse mato sem cachorro, certo?
No mais, boa farra e pode arrochar o nó porque o bicho vai pegar.

Abraços e até a próxima.

08/01/2009

Grandes Botequeiros da História


Já que o editor-chefe desse blog, Senhor Excelentíssimo Dom Pablito Gomes, vive enchendo meu saquinho pra postar algo e já que as minhas inúmeras fãs também me cobram tamanha incumbência. Venho eu iniciar outra série: Os Grandes Botequeiros da História.
Onde caricaturarei diversas personalidades gente finíssimas da arte da botecagem mundial.


Para começar nada melhor que o grande Noel Rosa, sambista, feinho, sem queixo, mas não menos charmoso. Assim como eu, desenrolado no quesito malandragem.
Noel simplesmente escreveu, junto com Vadico (graaannnde Vadico!), o Hino Universal dos Botequeiros - Conversa de Botequim.

Pra quem não tem cultura barzeira e não conhece a letra segue o link ---> http://letras.terra.com.br/noel-rosa-musicas/125756/

Não se esqueçam de, ao ler, por a mão no peito e se possível chorar ou então pedir mais uma ao garçom.

Beijo pra quem é de beijo e abraço pra quem é de abraço.

Pendura aí que depois eu volto!

06/01/2009

A solução para a crise da bolsa


A arte de beber é relativamente fácil. Com tempo, disposição e boas amizades, se vai longe. Mas paras as mulheres, que, como eu, não dispensam seus arsenais de utensílios para todas as horas e ocasiões – comumente denominados bolsas – pode ser um suplício.

O que fazer com o tal acessório em uma mesa de bar? Se você a coloca em uma cadeira, perde a chance de ter ao seu lado um amigo, ou pior, um ex-futuro namorado, afastado de se tornar real por causa de um espaço ocupado. Colocá-la nas costas da cadeira também não é boa idéia, a crise atual pode levar a um furto rápido e trágico, deixando a dona sem ter como pagar a conta. Deixar no colo é outra opção, mas vai esconder os detalhes da produção que custou a você algumas horas no espelho e alguns reais na última promoção da C&A.

O Bar Central já havia identificado o problema: suas mesas da área interna já têm acoplados ganchos em suas quinas, próprios para segurar a incômoda bolsa. Mas o Bar Central é para poucos afortunados: ou você é empregado da Folha de Pernambuco ou precisa procurar outras soluções.

Mas como o problema é pouco e deixar de beber é difícil, fica aqui minha dica para essas horas estreitas. Não sei quem foi o inventor do artefato, mas ele merece um beijo, ou uma “espanhola” (não me olhe assim, é o nome de um drinque do Recanto da Várzea...). Um pedaço de metal curvo encaixado em uma forma ovalada serve de gancho portátil, podendo ser levado dentro da tal bolsa (impossível viver sem ela) e colocado na lateral de qualquer mesa de qualquer bar errante onde se queira estar.

Revolução assim, não há desde a queimada coletiva de sutiãs. Onde achar? Vire-se, o meu eu ganhei de presente.

05/01/2009

A hora da cota [1]


Todo mundo que bebe sabe que a cota da birita é quase tão importante quanto o ritual do primeiro gole (encher o copo, olhá-lo fixamente, brindar, recitar uma loa, etc). É na hora da cota que se reconhece a generosidade, a justiça, a sinceridade ou a 'maletice' de cada um.

Quem já sentou na mesma mesa com aquele tipinho que na hora de pagar sua parte, puxa uma calculadora vai dizendo “eu só tomei uma coca light e comi duas fatias de pizzas” sabe que isso dá tanta confusão quanto pega-varetas em amigo-secreto de escola.


Meu Deus, todos nós que obedecemos ao Código de Ética dos Papudinhos aprendemos desde cedo que cada um paga (mais ou menos) o que consome. Ninguém – porque tomou umas cervejinhas a mais - se transforma num explorador de pais de família, inda mais num local sagrado como o bar. Logo, esse tipo “desconfiado-precavido” deve ser evitado.

Por que?
Porque não é nada legal beber com alguém que fica resolvendo mentalmente equações do 2º grau, dízimas periódicas ou sistemas de determinantes enquanto você tenta puxar conversa. Paciência tem limite! Ninguém aqui está falando em esbanjar dinheiro [até mesmo porque somos todos um bando de lisos], mas imaginem a cena:

- Mermão, comé o nome daquela coisinha linda da novela?
- [...]
- A loirinha, pô... bem gostosinha...
- [...]
- Ei, porra! Tô falando contigo...
- Hã? Quê???
- Esquece... [...] Visse o jogão de domigo?
- Velho, quanto tá o camarão? Não consegui decorar o preço...
- [...]

Simplesmente, não dá.

Então, daqui pra frente, pensem bem antes de convidar o "
desconfiado-precavido" pra não estragar seu lazer com os amigos, afinal de contas, cachaça TAMBÉM é investimento em qualidade de vida.

p.s. na próxima postagem: o arregueiro.

02/01/2009

Dia primeiro


Enquanto muitos gozavam da dor de cabeça resultante da beberragem da virada, poucos moribundos literalmente deitavam e rolavam rotacionando a máquina do universo trabalhista. Saibam vocês que é justamente essa força quase escrava que bota o Brasil pra frente.

A vida é assim, muitos se divertem em quanto poucos labutam no trabalho pesado. Mesmo cheios de cana no quengo, a necessidade os obriga a girar as catracas do desenvolvimento humano. Essa história de encher o monossílabo de cana e ser obrigado a trabalhar no dia 1º, deveria ser extinta. O certo seria encher o cu de cana e ninguém trabalhar, afinal de contas, não acontece nada que mereça tal esforço, né?


Bom, para justificar a entrada desta coluna merda neste distinto blog gastronômico, vou dar uma receitinha especial para entrarmos 2009 com sorte e com o pé direito. Pegue um sonrisal, jogue num copo d`agua e tome sem muito pantim. Já pra evitar a vergonha de ser pego dormindo caindo pelas tabelas, um bom copo de café quente já dará uma boa aliviada no sono pesado.

Beijos para todos e favor manter a compostura no trabalho e não babar dormindo é bom e garante o emprego.

01/01/2009

Bebedoria Fina


As bebidas de certa maneira, não recebem a devida atenção das pessoas pouco conhecedoras do universo vasto dos grandes buffets. Escolhemos o prato principal pra então vermos que vinho casaria com o dito cujo. Que mestre seria eu se não enfatizasse a quebra deste paradigma com meus fieis leitores? Em razão disso vos digo que "quem desmafaguifar o ninho dos mafagarfos, todos desmafaguifadores serão".

Bom... uma bebida preparada com perspicácia e servida na ocasião certa, faz toda diferença, pôs justamente esse ato será responsável pôr diferenciar um buffet morno de um cataclísmico. Temos que colocar os pingos nos is antes de abrirmos a boca para falar que tais ou tais pratos obrigatoriamente devem ser servidos com determinados vinhos tal e ETC.

Muito antes do vinho, pôr exemplo, os egípcios habilmente criaram a cerveja... quero enfatizar com isso, que nobreza e estilo são royalties construídos a base de cervada, fermentação, muita embriaguez, tempo e simplicidade principalmente. De qualquer forma, não estou aqui pra falar de Cerveja mas sim de uma bebida láctea que se encontra grafada no livro sagrado como a mais antiga do mundo, perdendo apenas para a própria H20, é claro.

Prepare seu SUPER EGO, talvez ele não consiga controlar seu ID, tamanha gostosura revelarei em primeira mão a meus queridos leitores.

MODO DE PREPARO
Em quanto enrolo vocês com essas palavras vãs, descreverei em doses homeopáticas essa receita, desta forma, evitaremos um surto histérico de ingestão incontrolável. Aos marinheiros de primeira viagem, alerto que só e somente só funcionará se preparada num copo virgem de cristal de 438ml e mexido com uma colher de prata asteca. No copo, coloque 200ml de leite, mexa no sentido horário até observar que o leite está parecendo um redemoinho do rio são Francisco. Acrescente mais 100ml aos poucos.

No momento em que o redemoinho for perdendo a centrifugação inerente a força centrípeta aplicada ao vértice quadrilatericamente subtraída do cateto, imediatamente aplique a mesma força mexendo o leite no sentido contrário, desta vez some a mesma, o valor de Pitágoras aplicada ao centro da colher. A única forma de acertar a receita é seguir ao pé da letra as potências descritas anteriormente. Qualquer deslize você logo perceberá que todo esforço foi em vão.

Após todo esse ritual mexístico, coloque o restante do leite despejando com voracidade no copo e fique observando até o leite parar totalmente.

Depois de uns 30 minutos, acrescente duas colheres de Nescau e sublime suas papilas gustativas com essa inusitada delícia líquida. De preferência sirva com a receita apresentada anteriormente, a famosa bolacha com ovo.

Beijo a todos, e que o Deus que existe em mim sacie com delícias o Deus que Habita em vocês.