30/05/2009

Passarinha


Moléstia à parte, não querendo me gambá. Eu, Raphaelis Avgvstvs Victoriensis I, fiquei conhecido no Curado III, não no bar da Gal como diz o texto, mas no bar da Mãe de Carlos Pamila (esqueci o nome da velha), por comer o número de fatias de passarinha que vai de 16 a 20 em referido estabelecimento.

Na época, 2005 Anno Domini, fui noticiado como um verdadeiro fenômeno em comer tais vísceras. Como lembrança daquele tempo que os anos não trazem mais, ficou esses versinhos. Chulos, mas pinguços:


Passarinha

Se a noite guarda tristeza
De um homem, pois guarda mal

Aí chamo Reginaldo

Que num rejeita sarau

Três goladas de caninha

Num baião com passarinha

Na bodeguita da Gal.


São mil goladas graspadas

Que dançam muito contentes

Na goela de um zé bebum

De vista e peito doentes

E grita qualquer sambinha

Num baião com passarinha

De sabor e amor presentes.


E assim toda sexta-feira

Toda gente aclama igual:

“Todo amor do mundo nasce

Sem parecer que é real!”

E gritam qualquer modinha

Num baião com passarinha

Na bodeguita da Gal.


*O texto há uma apologia ao "Chopp", de Carlos Pena Filho. Foi justamente nessa época que conheci Reginaldo Cabral e aconteceu o famoso episódio da aluna que perguntou se eu bebia... O resto é história...

26/05/2009

"Linguaraz" e "Eu sou Capibaribe"


O Instituto Maximiano Campos, as Edições Bagaço e a Folha de Pernambuco convidam para o lançamento do livro Eu sou Capibaribe (poemas)* do jornalista e poeta Robson Sampaio.

28 de maio de 2009 - a partir das 19h
Gabinete Português de Leitura
Rua do Imperador, 290
Santo Antônio Recife-PE
coquetel e show voz e violão

*O companheiro Robson convidou três de nossos botequeiros
para ilustrar alguns poemas bem a ver com o dBnB:


ilustra: Felic


ilustra: Silvino


ilustra: Pablo
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A Livraria Cultura convida para o recital de lançamento do audiolivro Linguaraz, de Pedro Américo de Farias.

29 de maio de 2009 - 18h30

Auditório da Livraria Cultura

R. Madre de Deus, s/n
Paço Alfândega Recife PE


ilustra: Victor Zalma

Espalhem a boa nova por todos os endereços eletrônicos possíveis e imagináveis, afinal de contas, todos somos filhos de Deus e gostamos de bons eventos nem que seja de vez em quando.

21/05/2009

Dia da Cachaça


Hoje é Dia da Cachaça. Viva ela!

E Viva Itamar!

E Viva Lilian Ramos!

Errêita, porra!!!

20/05/2009

Oh Nikita you will never know...


E mais uma vez a galera do Sítio dos Coqueiros (Crato-CE) vem socorrer este blog, Meu Deus!!!

Depois de nosso garoto-propaganda, é a vez de seu irmão - o grande Potó - mostrar
uma versão irretocável pra Nikita que vai deixar qualquer elton-john orgulhoso da vida:

Arroche!

Detalhe: no mesmo instante, de plano de fundo, acontece a tradicional Malhação dos Judas da Semana Santa. Com uma diferença: Lá, os homens se vestem como mulheres para representar as filhas do Judas.

*Não se esquecendo que esse vídeos foram gentilmente cedidos pela Gabriela and Jonathan International Films.
Gracias!

18/05/2009

14/05/2009

Remosidade não é só arrotar à mesa

Bebum remoso que é bebum remoso precisa ter habilidade culinária suficiente para prover com tira-gostos os consortes que, porventura, o visitem de última hora em seu sacrossanto lar amém. O belo na recepção dos amigos é perceber que o anfitrião não sabe preparar merda nenhuma e, ainda assim, consegue prover com acepipes de sobejo sabor a agradável ceia etílica.

Para prevenir os incautos butuqueiros-botequeiros, apresento aqui algumas sugestões de pratos para um menu relativamente fácil de preparar. Teremos algumas opções, diferenciadas pelo grau de dificuldade, preço e remosidade.

Vamo lá.

Opção 1: Frango bêbado (obra-prima da engenharia culinária remosa)
Dificuldade: extrema
Preço: o mais caro
Remosidade: baixa

Ingredientes:
-10 coxas e sobrecoxas de frango (o pinto da galinha, já desenvolvido, mas não adulto ainda);
-Um pote de maionese (se quiser estarrar, compra Hellmman’s, se não, compra a mais remosa mesmo);
- Um pacote de creme de cebola (se quiser continuar estarrando, compra Knnor, se não, idem ao item anterior);
- Uma latinha de cerveja (porra, aí vale uma Bohemia!)

Modo de praparo: abra a maionese, pegue as coxas e sobrecoxas e lambuze-as com maionese. Em seguida, abra o creme de cebola e continue lambuzando tudo, com maionese e creme de cebola. Coloque a melecada toda em travessas de alumínio. Em seguida abra a latinha de Bohemia, mas não beba nenhum gole. Derrame a bebida nas travessas. Leve tudo ao forno pré-aquecido. Deixe lá um tempo até que toda a cerveja seque. Depois sirva em pratos e forneça guardanapos. O povo que se vire para comer com as mãos mesmo.

...

Opção 2: Tem boi nessa cebola?
Dificuldade: mediana
Preço: bonzinho
Remosidade: mediana

Ingredientes:
- Três latinhas de kitut de boi (aquela mesma história, Wilson pra estarrar, qualquer outra marca pra economizar em tempos de crise);
- Cinco cebolas brancas;
- Um frasco de azeitonas verdes com caroços (sem caroços não é remoso);
- Óleo de soja;
- Sal.

Modo de preparo: abra as latas de kitut com cuidado pra não torar aquela porra daquela chave. Fatie a iguaria. Deixe descansar, enquanto você corta as cebolas em rodelas com lágrimas nos olhos. Coloque tudo numa frigideira com óleo de soja aquecido e um pouco de sal. Vai mexendo tudo com cuidado pra não desmanchar. Depois que as fatias tiverem deixado uma casca crocante agarrada no fundo da frigideira e as cebolas estiverem douradas, joque tudo num prato. Acrescente na doida mesmo as azeitonas. Importante tirar com uma colher as crostas grudadas na frigideira para enfeitar o prato. Sirva com garfos limpos.

...

Opção 3: Macho que é macho não toma mel, ele come a abelha
Dificuldade: baixíssima
Preço: baixíssimo
Remosidade: extremíssima
Ingredientes:
- Cachaça.
- Halls do preto.

Modo de preparo: abra o halls, descasque o bicho. Bote tudo num prato e parta cada confeito com uma faca bem amolada. Depois sirva com cana de cabeça de preferência. Este tira-gosto é inspirado num bebo que freqüentava o bar do meio tio (Bar do Rivaldo, Av. Cleto Campelo, sem número, Centro, Moreno) e que, mesmo não tendo muito dinheiro, não deixava de beber e saborear um bom tira-gosto.

12/05/2009

Uma cerva e 17 tiras


10/05/2009

Especial - Dia das Mães


Radiola do Boteco e Dando um ninja juntos pra homenagear todas as mães do nosso Brasil varonil...

Agnaldo Timóteo bota seu vozeirão na clássica Mãe, um pedaço do céu (já imortalizada por Leonardo Sullivan) pra fazer fundo musical neste lindo texto do jornalista-escritor-caririzeiro Xico Sá.

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Como diria o Conde da Só Brega,
"se eu chorar, num repare não":

CADERNO AMARELO DE RECORDAÇOES MATERNAS
por Xico Sá


Mãe, ainda me lembro quando tu colocaste a rede no fundo da mala, mala de couro, forrada com brim cáqui, e perguntaste, tentando sorrir no prumo da estrada: “Filho, será que na capital tem armador (gancho) nas paredes?”

Naquela noite eu partiria para o Recife, que conhecia apenas de fotos e do mar de histórias trazidos pelos amigos. Lembro de uma penca de fotografias em especial, que ilustrava uma bolsa de plástico que usava para carregar meus livros e cadernos. Lá estavam as pontes do centro, casario da Aurora ao fundo, lá estava a sede da Sudene, símbolo de grandeza naquele apagar dos anos 1970, lá estava o Colosso do Arruda, o estádio do Santa...

Quando o ônibus gemeu as dores da partida, aquela zoada inesquecível que carregamos para todo o sempre, tu me olhaste firme, e eu segurei as lágrimas tão-somente para dizer que já era um homem, que era chegada a hora de ganhar o mundo, o mundo que conhecia somente pelo rádio, meu vício desde pequeno, no rádio em que ouvia os Beatles, as resenhas e as transmissões esportivas da Globo e Nacional, além de todo um sortimento de novidades daqui e do estrangeiro.

Lembro que naquele dia, mãe, ouvimos juntos o horóscopo de Omar Cardoso, na rádio Educadora do Crato (ou teria sido na Progresso de Juazeiro?). Que falava dos novos rumos do signo de Libra. Você disse: “Tá vendo, meu filho, você será muito feliz bem longe”.

A voz de Omar Cardoso e o seu mantra ecoava no juízo: “Todos os dias, sob todos os pontos de vista, vou cada vez melhor!”

Foi o dia mais curto de toda a existência. O almoço chegou correndo, a merenda da tarde passou voando... e quando dei fé estava diante da placa Crato/Recife, Viação Princesa do Agreste.

Todo choro que segurei na tua frente, mãe, foi derramado em todas as léguas seguintes. Mal chegou em Barbalha eu já estava com os dois lenços de pano –outro cuidado seu com o rebento- molhados. Em Missão Velha, uma moça bonita, uma estudante que voltava de férias, me confortou: “É para o seu bem, foi assim também comigo”.

Quando chegou em Salgueiro, além dos lenços e da camisa nova – xadrezinho da marca Guararapes –, o livro Angústia, de Graciliano Ramos, um dos motivos da minha vontade de conhecer a vida, também já estava encharcado.

E assim foi a viagem toda. Com direito a soluços, que acordaram a velhinha que ia ao meu lado, quando o ônibus chegou ao amanhecer no Recife.

Arrastei a mala pelo bairro de São José e procurei a pensão mais econômica.

Sim, mãe, tem armador de rede, escrevi na primeira carta. Era tudo na base do “espero que esta te encontre com saúde”, como a gente escrevia na formalidade das missivas.

É mãe, neste teu dia, que está quase chegando a hora, quero lembrar que a coisa que mais me comoveu foi tua coragem, que eu até achava, cá entre nós, que fosse dureza além da conta d’alma. Até falei, um dia no divã, sobre o assunto, como se eu quisesse que naquela despedida o sertão virasse o teu mar de pranto.

Eis que recentemente me contaste como foi duro, que tudo não passava de um jeito para não fazer que eu desistisse de ganhar a rodagem. Aí me lembrei de uma sabedoria que citava nas cartas e bilhetes, quando eu esmorecia um pouco na sobrevivência da cidade grande: “Saudade não bota panela no fogo”. E ainda reforçava: “Saudade não cozinha feijão. Coragem, filho, coragem”.

Em nome das mães de todos os meninos e meninas que partiram, dona Maria do Socorro, quero te deixar beijos e flores.

Sim, mãe, agora já sabes que somos de uma família de homens chorões, são 04h06 de uma quarta-feira e eu choro um pouco, como fazia no fundo daquela rede colorida que puseste no fundo da mala. Chorava tanto nos sótãos das pensões do Recife que os chinelos amanheciam boiando no quarto, como se quisessem tomar o caminho de volta para casa.

09/05/2009

GPS do álcool


Devido à procura por locais onde podemos vivenciar o álcool em toda a sua plenitude, segue abaixo os nomes e locais de bares em Recífilis e região metropolitana.

Bar da língua: Praça da Várzea.

Bar de Pelé: Praça da Encruzilhada.

Copo Sujo: Rua do Lima.

Maremoto: Ao lado do 13 de Maio.

Bactéria: Rua 02, Curado 4.

Caldinho da tia Penha: Curado II.

IML bar: Feira do Curado II.

Bar do Valdir: IPSEP.

Caga Sangue: Loteamento do Curado II.

Tia Luzia: Cais de Santa Rita.

Manassés: Vila Tamandaré.

Bar das Meninas: Bonito.

Alcoforado: Cavaleiro - após a igreja católica, 1ª à direita.

Bar do maxixe: Brasilit.

Bar de Pantãnha: Guabiraba.

Bar do Jabá: Arruda.

Esse é um guia de bares onde você poderá, com famíla ou não, realizar momentos de socialização de cultura, sentimentos etc.

Em qual desses endereços nos reuniremos da próxima vez?

06/05/2009

Qual a melhor hora para beber?


Não tenho dúvida de que uns vão prontamente responder – “a qualquer hora!”. Mas ao manter a impulsividade e o amor à causa sob rédeas curtas, é possível perceber algumas diferenças interessantes entre o ato de tomar uma de dia ou à noite.

Beber à luz do sol é uma coisa muito gostosa, não dá para negar. Acho que o principal motivo é a sensação de que aquela é uma hora em que você normalmente estaria fazendo qualquer outra coisa menos agradável. Inclua-se trabalhar, estudar para o concurso, faxina de sábado na casa... Mas não. Você está ali entornando uma cerveja gelada e jogando conversa fora.

Ainda assim, eu prefiro mesmo é beber à noite.

Primeiro porque há um intervalo maior entre a hora de acordar e a de beber, permitindo criar a expectativa e entrar no clima ideal para apreciar melhor o momento de se alcoolizar. Depois porque o clima é mais ameno – e quem mora numa cidade quente como o Recife sabe bem do que eu estou falando.

Outra: todo mundo fica mais feio de dia. A luz do sol mostra coisas que até Deus duvida. Também tem o fato de que, com o céu claro, as pessoas percebem muito mais rápido que você já passou há tempo do ápice do glamour – na escala ricther da beberrança - e declina a passos largos para a fase decadente natural do processo.

Mas o pior mesmo é ficar sóbrio sem dormir. Por exemplo, é sábado e você chega na feijoada: bebe, bebe, bebe. A festa acaba no fim da tarde, e aí há dois caminhos: 1) decide que seu dia vai terminar como começou – cheio de álcool ou 2) pensa que bebeu demais e vai para casa. Com a escolha da segunda opção, vem a sobriedade e um banzo invencível. Resta ao botequeiro a maldição de terminar o sábado assistindo Zorra Total.

E você, o que prefere?

05/05/2009

with a little help from my friends [01]


Já que o SBT reprisa Pantanal (e Chaves!), reprisaremos aqui um cordel do butuqueiro Emerson Azevedo que ilustrei inicialmente pro leoecia.

Vou tentar render uma série de pequenas HQs que contarão causos cachacísticos de amigos meus... Uma espécie de queima-filme e homenagem; afinal de contas, "tem amigo safado, quem pode".


Doug e o irmão-de-copo