31/03/2009

26/03/2009

Forró na casa do Manguinha


Inauguramos mais uma pseudo-coluna no DBNB.
Agora a sétima arte também terá espaço nesse cabaré armado.

Não nos perguntem como, onde, quando e nem por que?
ACHAMOS!


Parte 1


Parte 2


Parte 3

25/03/2009

Tipos de bêbo


Estes são os 3 primeiros tipos de bêbo pro Álbum de figurinhas DBNB:





23/03/2009

Tome cana pro mundo rodar

Ontem foi o Dia Mundial da Água e muito se tem falado em aquecimento global, medidas ecologicamente corretas, fontes renováveis de energia, desenvolvimento sustentável, blá blá blá.

DBNB não poderia deixar de dar sua contribuição por um mundo melhor; afinal somos bêbos que discutem grandes temas na mesa do bar e que, apesar da ressaca, nos engajamos em grandes causas.

TOME CANA PRO MUNDO RODAR é o lema de nossa campanha por um consumo responsável, consciente e sustentável da cachaça.

O CEDBNB [Centro de Estudos de Butuca no Boteco] chegou a conclusão através de inúmeras pesquisas que a cana [aguardente, pinga, cachaça, água-que-passarinho-não-bebe, aquela-que-matou-o-guarda, etc] é a bebida mais politicamente correta a ser consumida.
Vejamos porquê:


10 MOTIVOS PRA TOMAR CANA:

01. Redução do consumo de energia elétrica
Como cana não precisa ser servida gelada ou com gelo, reduz-se o gasto com energia elétrica

02. Redução do consumo d'água
Quem bebe cana vai menos ao banheiro e usa menos a descarga e a torneira

03. Relação custo x benefício
Por ser uma das bebidas mais baratas e fazer efeito mais rapidamente, a cana é mais econômica que as demais bebidas

04. Consumo de alimentos orgânicos
Os tradicionais petiscos que acompanham a cana [jambo de cemitério, umbu de beira de estrada, caju e/ou limão de fundo de quintal, galinha de capoeira à moda cabidela, etc] não se utilizam de tecnologias que beneficiam apenas as grandes corporações do agrobusiness, como: agrotóxicos e rações transgênicas aditivadas com hormônios.

05. Menor geração de resíduos sólidos
O tradicional jeito de tomar cana em copos de vidro, em vez de copos descartáveis, diminui a geração de resíduos sólidos e, consequentemente, o impacto ambiental.
Então mesmo que lhe chamem de bêbo-chêi-de-frescura, exija copo de vidro!

06. Apoio ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia
É aproveitando o know-how já adquirido na produção da cachaça que avançaremos ainda mais em pesquisas para o desenvolvimento da produção de combustíveis renováveis, como o etanol.

07. Bebida genuinamente nacional
Em épocas de crise econômica como esta, é necessário o fortalecimento da produção nacional.

08. Geração de emprego e renda
Novos empregos surgirão ou serão ampliados com a agricultura familiar, a produção artesanal [alambiques], a necessida de criação de órgãos de fiscalização da cadeia produtiva, etc.

09. Revolução Canavial
O processo cíclico de mais gente consumindo necessitar de mais gente produzindo [e vice-versa] é o que podemos chamar de Revolução Canavial, só que uma revolução com responsabilidade social e consciência ambiental.

10. Inserção maior no mercado internacional
Com estes argumentos, a nossa amada caninha [antes tão discriminada] ganhará respeito, admiração e conquistará o mundo como um produto de consumo consciente.
Nossos papudinhos, antes marginalizados e caídos nas calçadas, cairão na graça mundial e logo logo estarão dando palestras, participando de workshops, ministrandos palestras, orientando teses em Harvard, etc.

É isso aí, butuqueiros. Bora tomar cana que é pro mundo rodar!

19/03/2009

Teste feminino

Como prova da democracia que predomina nesse blog-boteco (ou boteco-blog), chegou a vez das mulheres também participarem de um teste para saberem com qual bêbada ilustre mais se assemelham: Rê Bordosa, Amy Winehouse ou Maysa.

1. Domingão de sol e teu marido lá estatelado no sofá bebendo cerveja e assistindo o time do coração jogar na TV, qual a tua reação?

a) Tira toda a roupa, fica na frente da TV e pergunta se a porra da cerveja dá para dois.

b) Derruba a TV da estante, quebra a garrafa de cerveja na cabeça dele e esfrega a cara dele no chão para limpar a sujeira.

c) Pega as chaves do carro dele, o cartão de crédito e vai curtir o restinho do domingo em algum bar movimentado.


2. Você descobre que teu marido tem um caso de 10 anos com a tua melhor amiga (mui amiga), o que você faz?

a) Analisa com cuidado o marido da tua amiga para ver se vale a pena uma troca.

b) Dá uma surra no marido com um taco de sinuca e arrasta a vadia pelada pelos cabelos até o meio da rua.

c) Toma um porre enquanto escuta músicas de dor de cotovelo pensando se corta ou não os pulsos.

3. Você está numa happy-hour desacompanhada e percebe que tem um bonitão te dando bola, você...
a) Vai até a mesa dele e pergunta se ele vai ficar só olhando.

b) Convida ele para ir com você até seu apartamento para ouvir uns CDs de Soul e Jazz apreciando um bom uísque.

c) Lança seu olhar fatal, aproxima-se, puxa um cigarro da bolsa de mão e pergunta se ele tem fogo.

4. Qual o perfil de um homem ideal?
a) O que divide a mesma garrafa vodka com você, corta as unhas dos teus pés e sabe fazer alguma gororoba para matar a tua fome.

b) O que tenha o mesmo bom gosto que você para o “sexo, drogas e rock’n roll”.

c) O que não venha resmungar quando você chegar de madrugada depois da noitada.


5. Para você, como seria uma noite perfeita?

a) Encontrar um cara legal que te pague umas bebidas, depois te leve até o seu apartamento e, depois de uma noite de sexo alucinante, vá embora e não te ligue no dia seguinte.
b) Conseguir cheirar todo o pó que conseguir e beber toda a bebida que estiver disponível e não ir parar num leito de hospital.
c) Curtir uma boa música num piano bar, ser cortejada por metade dos homens presentes e quando chegar em casa o marido já esteja dormindo e não veja a que horas você chegou.

6. Se um gênio da lâmpada te concedesse três desejos, quais seriam?

a) Dava uma reparada no gênio para ver se ele faz o teu tipo e se realmente é do tipo que consegue dar três.
b) Dava uma boa surra nele para que ele aumentasse o número de pedidos.
c) Fama, glamour e um fígado totalflex novinho.


7. Uma personalidade.

a) Seu João, o porteiro do meu prédio. Sempre me ajuda a subir a escadaria do prédio quando chego chapada de madrugada e ainda quebra o meu “galho” quando não descolo um bofe.

b) Dr. Agenor Praxestes, médico da emergência que já me salvou de algumas overdoses e sempre tem uma dosezinha de glicose quando chego ressacada no hospital.

c) Dona Liu, a minha secretária do lar. Faz todo o trabalho duro da casa, a única coisa da qual ela se livrou foi ter que agüentar o ronco do meu marido no pé do ouvido.

8. Uma música.

a) Exagerado - Cazuza.
b) Satisfacion – Rolling Stones.
c) Lama – Núbia Lafayette.


9. Qual o melhor petisco?
a) Qualquer um, desde que não seja eu quem tenha que preparar.
b) Farinha ou erva.
c) Caviar, escargot ou qualquer outro prato que seja difícil de pronunciar.


10. Uma frase.

a) Qual o seu nome? (Pergunta feita ao sujeito que está ao seu lado ao acordar).

b) Onde estou? (Pergunta, geralmente, feita ao sair de mais uma overdose ou coma alcoólico).

c) Estava com uns amigos. (Resposta dada ao marido ao chegar de madrugada de mais uma noitada).

Contagem de pontos:
Para cada resposta com a letra A some 1 ponto, para cada resposta B some 2 e para as C some 3 pontos.


Resultados:



(De 10 a 15 pontos) Rê Bordosa
- é uma personagem fictícia de histórias em quadrinhos humorísticas criados pelo cartunista Angeli, e que abrilhantou as páginas da extinta revista Chiclete com Banana. Rê é uma mulher de aproximadamente 40 anos, alcoolátra, ninfomaníaca, desbocada e desprovida de bom senso, cujas histórias giram em torno de suas manias e desejos. Como a personagem fez sucesso a ponto de eclipsar o autor, Angeli resolveu matá-la. Mas volta e meia ela retorna a mídia.


(De 16 a 25 pontos) Amy Winehouse - é uma cantora e compositora de soul, jazz e R&B do Reino Unido. Os problemas de Amy com drogas e álcool têm sido noticiados pelos meios de comunicação ao redor do mundo. Em junho de 2008 o pai de Amy revelou aos jornalistas que ela estava com uma possível arritmia cardíaca devido a ser usuária de cigarro e cocaína. Barraqueira e agressiva, vira e mexe está envolvida em um novo escândalo.

(De 26 a 30 pontos) Maysa - Maysa Figueira Monjardim, mais conhecida como Maysa Matarazzo ou simplesmente Maysa - foi uma cantora, compositora e atriz brasileira. Separada do marido que se opôs à carreira musical, e com o temperamento boêmio herdado de seu pai, teve vários relacionamentos amorosos. O uso de álcool e moderadores de apetite deixavam seu temperamento instável. Foram conhecidos os escândalos que promoveu em hotéis e aviões de diversos países. Tentou o suicídio várias vezes. Supõe-se que o efeito de anfetaminas somado à ingestão de álcool, teria provocado o acidente de carro, na Ponte Rio-Niterói, que a matou.

18/03/2009

Moreno RockGol II, o Retorno!


Caros Botequeiros,

Considerando a velha máxima que todo botequeiro que se preza adora Futebol, ressalvadas as exceções, gostaria de fazer um propagando e ao mesmo tempo, uma cobrança pública.

Todos os botequeiros residentes na Terra dos Eucaliptos tomaram conhecimento da realização deste grande evento que reuniu "Bom futebol" e Cerveja gelada, o I ROCKGOL MORENO.


Este evento marcou história no calendário futebolístico e botequeiro, reunindo personalidades marcantes do desporto morenense.

E o melhor foi o pós-jogo, e a famigerada cervejada no boteco de nosso grande amigo Silvio Bicudo.

E antes que nossas grandes colaboradoras do "sexo frágil" aleguem questões de gênero, e o velho egoísmo masculino, destacamos que a participação feminina foi marcante, na captação das imagens, na premiação e na melhor parte, ajudando-nos a acabar com as cervejas geladas.

Diante destes fatos, faço a seguinte proposta:

REALIZAÇÃO DO ROCKGOL MORENO UMA VEZ POR MÊS!
E mais, garantir a presença de todos os botequeiros que não residem na nossa querida Moreno, como eu!

Peço ajuda nesta importante mobilização.

Se vale para motivar, o boteco de Silvio é bem em frente à quadra do SESI, logo se tropeçar cai no Bar de Silvio.

17/03/2009

14/03/2009

Dia Nacional da Poesia

Neste 14 de março, Dia Nacional da Poesia, o DBNB pede licença ao poeta Miró* da Muribeca para presentear seus leitores com uma de suas poesias:

Hoje é 01 de maio de 1990.

Não sei se é porque tomei 6 ypiocas e 1 chope e 2 batidas mas de repente me deu vontade de confessar que ainda penso religiosamente na Carmen e seus lábios de mel, seu sorriso maroto e seu olhar de infinitos significados.

- Caralho! Não sei se porque foi o primeiro amor de verdade, mas não consigo... como ela pôde parar de me amar de repente!!?? Desde então minha vida nunca mais teve graça.

Me diga, Brother? Estou bebum? Estou paranóico? Sou latino demais, dou um tiro no meu côco ou nela? Ou nela e no côco? Viro homem? Viro bicha??? Me diga!!!

Ultimamente tenho pensado em procurá-la, vê-la (apesar de estar casada e ter filhos) e talvez exorcizar esse sentimento não “racional”.

O que acha? Diga-me. Talvez tudo isso não passe de uma bebedice. Por outro lado, o que a bebedice não traz à tona não é verdade?

Sinto-me mal por ter, ou melhor, por ir levando a Cláudia em banho-maria só pra não sentir solidão. Tenho estado meio angustiado, não sei o que fazer. Acho que preciso mudar de ares, mas não é fácil.

Pior é que nem tenho um pra fumar agora!

São 21h15...

Tenho a sensação de estar preso doentiamente ou hipnotizado, encantando, condenado, castigado, ou quem sabe, entorpecido e narcotizado por aquela filha da puta que tanto gosto???? Me diga algo? É a pinga? É a vida?

É a latinoamericanidade? Eu que sou fraco? É a vida cruel? É ela que não sabe das coisas e não compreendeu que na época eu era um garoto? Porra!

Querido Miró vou parar. Preciso administrar melhor minhas angústias pessoais.

Amanhã eu continuo e boto no correio.

Boa noite.

(do livreto Tu tás Aonde?, 2005)

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*Miró, poeta, recitador, recifense, morador da Muribeca, escreve desde 1985
.

Mercado da Buena Vista Social Club


Quarta-feira [11/03], Flavão liga e faz a proposta: "Vamo tomar uma hoje no Mercado?"

Cebolinha 2012, nosso vereador em Camaragibe, estará lá. Emerson e Rafael também estarão arruando no centro da cidade. Por celular e msn Alan, Netinho, Ray e Moacyr são acionados.


5 membros do DBNB já pode se considerar uma reunião?
Não sabemos. Mas
la remosidad invadiu el Mercado:

da esq. p/ dir. Alan, Netinho, Flavão, Cebolinha 2012, Emerson, Rafael e dompablito.

a hora de juntar as bases - militância discute propostas, projetos, programas, etc.

a hora do rapa - óleo com batata, charque e queijo parmesão.

a hora da fidalguia - tauba de frios

a hora da conta - "ih, fudeu!"

a hora da partida - "corre que o cara tá chamando..."

13/03/2009

Rabo de Cana em Mingau de Cachorro


12/03/2009

11/03/2009

10/03/2009

Roda-gigante


Direto do túnel do tempo: texto escrito em outubro de 2002, primeira vez que me arrisquei em prosa.

A roda girava acompanhando nossos movimentos. Eu senti suas mãos em minhas costas e me aconcheguei no seu peito. Era uma roda-anã, daquelas de interior. Nossos alunos deviam estar largando àquela hora. Nós deveríamos ter ido embora. Uma tarde inteira tomando cerveja.

Ao sair da escola ele tinha me convidado para comer caranguejos. Claro que ele sabia que eu gostava de caranguejos. Era um convite certeiro. Cidadezinha pequena. Uma rua principal, estrada movimentada, caminho para o litoral. Duas paradas depois, havia uma praça. Grande, com quadra poli-esportiva, parques e bares ao redor. Obra do prefeito atual. Pão e circo. Perguntamos por caranguejos. Ninguém tinha. Pegamos uma mesa embaixo de uma jaqueira. Bela sombra, cerveja barata e gelada.

Ele trabalhara com restaurantes. Estressante. Travestis que não podiam usar o banheiro feminino, nem o masculino. Armas em cima da mesa enquanto os donos dormiam bêbados. Largou o ramo. Resolveu-se pela física. Ser pesquisador? Isso é trabalho para uma vida inteira. E às vezes nem isso basta. Melhor ser professor.

Comemos bisteca. Eu preferiria caranguejo, mas não era segredo a minha razão de estar ali. E pra quem não tinha almoçado, estava até bom.

Ser professor é duro. As turmas estão difíceis. A sala 3 quer casar a gente. Risos. Temos até às 18h. É, se eles nos vêem...

Eu? Sempre quis ser professora. Mentira, nunca tive essa vontade. Quis ser jornalista, um tempo. Me formei em Turismo. Mas sempre amei literatura. Na hora da inscrição do vestibular, me bateu um estalo. É letras, é isso! Vou ser professora. Foi assim. E aqui estou eu. Bebendo cerveja escondida de meus alunos. Risos.

Mais cerveja. Vamos ficar bêbados. Que horas são? 15h? Ainda? Demora para eles largarem.

A praça começa a encher. 12 de outubro. Crianças por toda parte. Um parque de diversões começou a funcionar do outro lado da praça. De onde estávamos dava pra ver a roda-gigante. Quando sairmos, vamos andar de roda-gigante? Ah, eu adoraria. Faz tanto tempo que não ando. Desde que não sou mais criança. Mas tenho medo. Pois nós vamos andar nela hoje, você vai ver.

Eu via seus olhos. Sua mão segurando o cigarro. A barba por fazer. Ai, a barba por fazer. Lindo. E eu nunca tinha achado um homem bonito vestido daquele jeito. Calça de linho, cinto e sapatos sociais. Camisa de botão, já meio aberta. Lindo. Puta que pariu, enfim um homem interessante na minha vida. Será que ele lia os meus olhos? Melhor ficar quieta. Parar de olhar para ele.

Quinze para às seis. Está quase na hora. Vamos andar de roda-gigante ou não? Claro que vamos. Só a saidera. Foram oito cervejas nesta tarde. Depois a conta. Rachamos.

Saímos da mesa e fomos até o parque. Ainda preparavam a roda. Tinha que trocar as lâmpadas. 10 minutos. Fomos atrás de cervejas em lata.

Não temos. Só long neck. Serve. Pegamos duas. Voltamos a roda. Esperar.

Tudo pronto. Por favor, podemos ser os próximos? Claro. Subimos numa xícara cor-de-rosa. Eu tenho medo. Você tem medo mesmo? Sério! Vem mais pra cá.

Era pequena a roda, mas dava pra ter uma vista legal. Foram duas voltas até ele perguntar: a gente podia ficar... Nenhuma resposta. Só um beijo. Era a roda girando igual nossos lábios um sobre o outro. Eram suas mãos na minha cintura. Tudo girava pra mim.

Acabou nosso tempo. Vem pra cá, vamos ficar atrás da roda, ninguém vai nos ver. Legal. Beijos, beijos... E se nos vissem? Ah, que se dane! E mais beijos. Pausa para um cigarro, dois cigarros. E amanha, como vai ser, hein? Amanhã?!? Vai ser assim: oi professor!, oi professora! Como todos os fins de semana.

Está na hora. Vamos?

Vamos. Eu te levo até a próxima parada. Uma Kombi. Na praça desce. Outra praça. Outra cidade. Ali era adeus. Beijos e tchau. Até amanhã? Até amanhã.

Nenhum aluno nosso nos encontrou. Dia seguinte, as mesmas gracinhas dos alunos da turma 3. Professora, sabia que os opostos se atraem? Física X Literatura? Risos. Ao fundo, a voz dele na sala ao lado me lembrava de onde vinha a marca no meu pescoço.

P.s.:Obrigadapelarodagiganteeuadoreieunaumsoubemoquevocêpensa,mastudobem,
avidaehassimmesmoteadorobeijosbeijosbeijos

08/03/2009

Cão salva-vidas



Esse é o famoso cão salva-vidas. Duvido que exista amigo mais fiel.

07/03/2009

As loiras, essas injustiçadas

Elas estão na boca de toda a gente. Freqüentam as mesas de qualquer tipo de bar, dos mais furrecas (geralmente os que têm os melhores tira-gostos) aos de conta mais salgada. Há delas para todos. Todos as preferem, mesmo que não confessem nos círculos sociais mais altos. Muitos saem de casa à noite, escondidos de mulheres e filhos, só para procurá-las na primeira esquina. Estamos sempre sentados próximos a elas, ainda que não reparemos como, apenas com seus cheiros e suores, deixam o ambiente mais interessante. Sim, elas são onipresentes, tanto que estamos sempre de butuca nelas nos botecos.

Quando chegam, é curioso notar, há todo um ritual de cortejo dos que à mesa desfrutam de suas presenças. Geralmente apenas um marmanjo de cada vez ousa tocá-las, convidá-las a serem mais democráticas, repartidas igualmente, mais amigas de todos na roda de goles, piadas e risadas. Etiqueta também se leva à mesa (de bar).

Elas estão no nosso imaginário de desejos há muito tempo. Apesar de ainda lembrarem terras européias com sua cor, que sempre brilha em tons de ouro, abrasileiraram-se no calor tropical. Estão ao dispor dos nossos pecados mais tupiniquins. São como uma espécie de pão-nosso-de-cada-dia no cardápio de satisfações fáceis, acessíveis. Todos as querem por perto, todos as desejam, nem que seja só nos fins-de-semana.

Mas por que tão poucos as valorizam como realmente elas merecem? Nunca vi poetas que por elas fizessem arte. Não vi ainda alguém que transformasse em som e letras o gosto único que elas trazem às nossas bocas. Não percebi em lugar algum, músicas que traduzissem fielmente os prazeres que elas nos proporcionam. Elas definitivamente não têm todo o respeito que merecem.

Ah, as loiras, essas injustiçadas!

Por isso, botequeiros (butuqueiros), peço: na próxima vez que estiverem numa mesa de bar e uma loirinha sentar-se à mesa com vocês, prestem mais atenção nelas. Não as desfrutem como quem tão-somente come o feijão-com-arroz comum de cada dia. Elas são vulgares só na aparência. No fundo, elas podem te dar um prazer diferente a cada gole. E nunca, nunca, nunca digam que elas são todas iguais ou, o que é ainda pior, que aquela com quem você esteve outro dia ou em outro bar é melhor do que ela. Cada uma, sem exceção, é única, ainda que com elas já tenhamos estado outras vezes. Elas são únicas a cada vez que as temos somente para nós.

Permitam-me apelar. Quando virem se aproximar de vocês a próxima loira, quando ela delicadamente pousar-se sobre sua mesa, por favor, reverenciem sua presença com este quase soneto:

Há muito que eu te esperava,
minha única e linda dama.
De longe, como já te amava!
E, confesso, te queria até na cama.

Esse amor doido é como lava,
Acendes em mim como uma chama.
Acaso percebes-te que te mirava
Com a sede insaciável de quem ama?

Por isso, minha preferida, não demora,
Que te quero logo em minha boca,
Vai, enche-me de vez o copo, minha lora.

Que só assim te jogo goela abaixo
Pra que, líquida, geles tanto a minha vida
Que teu nome jamais fale eu baixo!

O mais alto e claro que eu possa,
por ti, juro que assim eu vou gritar:
Garçon, fila da mãe, deixa de bossa!

Traz depressa outra Bohemia!

(ou Brahma, Antarctica, Schin, Itaipava, Frevo, Belco, Heineken...)

06/03/2009

Ai! que saudades do pau de João...

Conheci o Pau do João numa noite de verão, em Porto de Galinhas, 1997. Época em que em Porto só tinha "istas" - surfistas e turistas - o que afastava os famigerados maurícios e patrícias de Boa Viagem.

Era uma época boa. Eu era feliz e sabia que era. O pau do João sempre estava lá, oferecendo a melhor companhia e um fluido precioso de vários sabores...


Os cabeças sujas estão boiando... os botequeiros praieros já perceberam: o boteco do João, nomeado pelo seu fundador de "Pau do João", marcou época em Porto de Galinhas e marcou uma geração inteira com sua cachaça classe A, sempre a um precinho "meia-entrada" - adequado para estudantes terceiroanista (como eu).

O Pau do João era um típico boteco: era apenas uma "venda" com um balcão e prateleiras expondo as cachaças artesanalmente produzidas por seu João, único garçom do Pau do João. Havia seis ou sete bancos fixados na calçada, do lado oposto a que seu João ficava. Não precisa dizer que esse era o espaço mais disputado em Porto de Galinhas em muitas noites.

O sistema para comprar cachaça era simples. Depois de disputar espaço com cinco ou seis bêbados, você alcançava o balcão. Em seguida, tentava desesperadamente chamar atenção de João. Se você fosse uma surfista atraente, era bem mais fácil. Se não, o processo de grita "seu João!!" e balançar o dinheiro na mão poderia durar de 5 a 15 minutos. Um olhar lançado por João era da dica: qual cachaça você quer? Após gritar por no mínimo duas e no máximo 10 vezes qual o sabor da cachaça e o tamanho do copo, seu João atendia-nos. A dica mais quente era levar o dinheiro trocado... caso contrário, durante o processo de selecionar as notas e moedas do troco, seu João poderia lançar o olhar para outro botequeiro...


Depois disso, era só degustar!!!


Perguntarão os mais atentos botequeiros, como saber qual sabor querer se seu João não oferecia os sabores? Os nomes das cachaças eram escritos nas garrafas de whisky, ou garrafas de vidro em geral. Você poderia arriscar, mas a melhor pedida era "PAU DO JOÃO".


O Pau do João era um ícone entre as cachaças. Em primeiro lugar porque era o preferido de seu João, segundo por que era o mais saboroso e, por fim, único que ele não abria a receita. Por dinheiro algum. Ninguém saia sóbrio do Pau do João… Não tinha tira gosto, não tinha mesa, não tinha bom atendimento, apenas a misteriosa cachaça. Nos momentos mais calmos do boteco, a diversão era chutar os ingredientes e assistir seu João afirmando ou negando cada um deles. Ao todo eu contei uns 30 ingredientes afirmados e uns 30 negados. O certo é que a receita se foi com João.


Que saudade do Pau do João! Dor maior não houve ao ver suas paredes serem derrubadas para montar uma loja de cangas e, logo em seguida, descobrir que seu João havia falecido e levado consigo a receita. Porto nunca mais foi a mesma desde então.


Junto com Seu João e o Pau do João foi-se também meus 17 anos, as cachaças que custavam R$0,25, a falta de preocupação com o dia seguinte e a curiosidade de saber a receita do Pau do João. Foi-se o ano de 1997 e tudo que nele passou; apenas ficou essa saudosa botequeira, que aprendeu o bom das cachaças nos bancos do Pau do João.


Ai! Que saudades do Pau de João!

05/03/2009

Figurinhas de mesa de bar - A mística

Como é de nosso conhecimento em mesa de bar se fala desde física nuclear à capação de bode, e aí cada figurinha dá sua contribuição; “O Arregueiro” aproveita qualquer brecha pra contar sua choradeira, “O Entrão” nem espera, já vai entrando, mas dentre essas figurinhas pitorescas identifiquei uma que quase sempre passa despercebida, “A Mística”. Trata-se de mágica? Não creio. Se você prestar um pouco mais de atenção, logo vai identificar alguma dama com essa aptidão.

Costumam se apresentar na forma de peruas, ou hipongas, com anéis, muitos anéis, pulseiras, muitas pulseiras, e colares, muitos colares. Passada a identificação visual desse ser, aqui vão suas estratégias mais comuns de abordagem:

Geralmente falam muito sobre si mesmas, ótima oportunidade para exporem suas aptidões sensoriais. Se você se mostrar interessado pode acabar ganhando uma demonstração grátis de quiromancia, e terminar a noite com a tal falando da sua “linha da vida”.

Geralmente vão esperar que as horas avancem e as cervejas adentrem para começarem a expor seus causos fantásticos, dignos de um Cid Moreira no final dizendo :“Isso é um espanto!”.

No último fim de semana eu estava com meu namorado e um casal de amigos, que havia convidado umas amigas, senhoras distintas, com cara de assistente social, pedagoga, cara de ONG na verdade. Conversa vai conversa vem, uma delas comentou: "Eu tive um namorado que sumiu misteriosamente", até aí tudo bem, com essa crescente violência urbana, pode ter sido raptado, sei lá... Mas não contente ela engatou: "Ele se desmaterializou", o que gerou um riso na canto da boca do meu namorado, que comentou "tem certeza que ele não foi comprar cigarro?".

Ainda não satisfeita com a repercussão ela teorizou: "Mas isso de sumir de repente existe, é um fenômeno que acontece de acordo com a posição dos astros, inclusive conheço uma pessoa que já presenciou alguém desaparecendo em sua frente!". Depois dessa, várias teorias surgiram: é um buraco negro, é a anti-matéria encontrando a matéria e se anulando... E meu namorado insistia: "Ainda acho que ele foi comprar cigarro!".

O bom de defender tese em boteco é que a banca tá toda bêbada mesmo!

Por pouco não perguntei se alguém ali já tinha visto uma baunilha, para por fim àquele imbróglio, mas não foi necessário, o assunto chegou e sumiu tal qual a fumaça negra de "Lost".

O bate papo seguiu por terreiros, digo, terrenos inóspitos e após algumas informações sobre “Exus”, “jurema”, “Iemanjá” (que segundo a informante é como mulher e gosta de ganhar perfumes e flores, o que levou meu namorado a dizer que se fosse realmente como mulher era melhor jogarem logo dinheiro e cartão de crédito no mar), e etc.

Concluí de imediato que aquela entidade presente na mesa era uma autêntica mística, e todos corriam risco de serem convidados a terem suas sortes lidas através de cartas de tarô, ou quem sabe uns búzios, mas a meia-noite se aproximava e ela teve que ir embora...