05/03/2009

Figurinhas de mesa de bar - A mística

Como é de nosso conhecimento em mesa de bar se fala desde física nuclear à capação de bode, e aí cada figurinha dá sua contribuição; “O Arregueiro” aproveita qualquer brecha pra contar sua choradeira, “O Entrão” nem espera, já vai entrando, mas dentre essas figurinhas pitorescas identifiquei uma que quase sempre passa despercebida, “A Mística”. Trata-se de mágica? Não creio. Se você prestar um pouco mais de atenção, logo vai identificar alguma dama com essa aptidão.

Costumam se apresentar na forma de peruas, ou hipongas, com anéis, muitos anéis, pulseiras, muitas pulseiras, e colares, muitos colares. Passada a identificação visual desse ser, aqui vão suas estratégias mais comuns de abordagem:

Geralmente falam muito sobre si mesmas, ótima oportunidade para exporem suas aptidões sensoriais. Se você se mostrar interessado pode acabar ganhando uma demonstração grátis de quiromancia, e terminar a noite com a tal falando da sua “linha da vida”.

Geralmente vão esperar que as horas avancem e as cervejas adentrem para começarem a expor seus causos fantásticos, dignos de um Cid Moreira no final dizendo :“Isso é um espanto!”.

No último fim de semana eu estava com meu namorado e um casal de amigos, que havia convidado umas amigas, senhoras distintas, com cara de assistente social, pedagoga, cara de ONG na verdade. Conversa vai conversa vem, uma delas comentou: "Eu tive um namorado que sumiu misteriosamente", até aí tudo bem, com essa crescente violência urbana, pode ter sido raptado, sei lá... Mas não contente ela engatou: "Ele se desmaterializou", o que gerou um riso na canto da boca do meu namorado, que comentou "tem certeza que ele não foi comprar cigarro?".

Ainda não satisfeita com a repercussão ela teorizou: "Mas isso de sumir de repente existe, é um fenômeno que acontece de acordo com a posição dos astros, inclusive conheço uma pessoa que já presenciou alguém desaparecendo em sua frente!". Depois dessa, várias teorias surgiram: é um buraco negro, é a anti-matéria encontrando a matéria e se anulando... E meu namorado insistia: "Ainda acho que ele foi comprar cigarro!".

O bom de defender tese em boteco é que a banca tá toda bêbada mesmo!

Por pouco não perguntei se alguém ali já tinha visto uma baunilha, para por fim àquele imbróglio, mas não foi necessário, o assunto chegou e sumiu tal qual a fumaça negra de "Lost".

O bate papo seguiu por terreiros, digo, terrenos inóspitos e após algumas informações sobre “Exus”, “jurema”, “Iemanjá” (que segundo a informante é como mulher e gosta de ganhar perfumes e flores, o que levou meu namorado a dizer que se fosse realmente como mulher era melhor jogarem logo dinheiro e cartão de crédito no mar), e etc.

Concluí de imediato que aquela entidade presente na mesa era uma autêntica mística, e todos corriam risco de serem convidados a terem suas sortes lidas através de cartas de tarô, ou quem sabe uns búzios, mas a meia-noite se aproximava e ela teve que ir embora...

4 comentários:

Medievas disse...

Histórias da meia-noite! kkkkkkkkkkk

Judapaz disse...

cuidado! místicas mau intencionadas podem roubar seus anéis!

pablo disse...

duas músicas pra acompanhar esse post:

mística do orishas: http://www.youtube.com/watch?v=OFhPQq7SaWA
e
mariana foi pro mar do ira!:
http://www.youtube.com/watch?v=1N6q2PlLNhY
"... o marido saiu pra comprar cigarros e desapareceu / foi visto no Japão / com a vizinha, sua ex-melhor amiga / Mariana foi ao chão"

Luiziana disse...

Boa!
Essa radiola num brinca em serviço mesmo! huashushau