02/02/2009

A hora da cota* [2]


*Para provar que o assunto sério, dividimos em duas partes.

Para aqueles que acham que se enveredar pelo caminho da cachaça é somente diversão num dia e ressaca n’outro, muito cuidado! Cachaça é bicho traiçoeiro e beber, além de filosofia de vida, é ciência inexata que requer empirismo e, principalmente, alguns macetes.

Não pense que aqui você encontrará O Teorema Universal da Cachaça - pois parafraseando Isaac Newton, entregamos logo: “O que DBNB bebe é uma gota e o que DBNB precisa beber é um oceano”. Se você vir alguém daqui se gabando que manja TUDO de birita e tals, só tem uma explicação: ele(a) conseguiu entrar bebo no blogspot e tá escrevendo merda.

Entretanto, em nossa longa estrada etílica (carreira de cachaceiro é feito jogador de futebol - normalmente - não dura muito), separamos algumas dicas que conseguimos adquirir - entre cachaças, trupicões & lambidas de cachorro - que irão ajudar alguns desavisados ou iniciantes na prática “meropeiense”.

Antes de tudo, saiba: várias personagens compõem o ambiente botequense; entretanto, a mais importante de se reconhecer de imediato é, sem sombra de dúvidas, a espécime arregueiruns safadus, ou simplesmente, o arregueiro.

Todo arregueiro acha que vai te enrolar (beber, beber, beber e pagar pouco ou nada) sem você notar... Mesmo que você esteja a fim de pagar cachaça pra o Mundo, fazendo um estudo de caso ou tão somente propagando o que Jesus ensinou (caridade); ele não vai ter pena.

O arregueiro normalmente é aquele cara que quando te vê de longe já vem se abrindo feito rapariga de cabaré falido e chega logo pedindo um cigarro feito fí-de-cego que canta em feira. Pergunta por teu pai pra tentar mostrar intimidade ou puxa assunto sobre um parente teu falecido [“aquilo é que era um véi bom!”] pra tentar te amolecer... Seja duro! “Arregueiro comigo come arroidado” é o lema.

Pronto. Você já identificou o sem-noção, agora é só decidir se quer aturar, evitar ou expulsá-lo de sua mesa com as seguintes dicas:


1ª seja o arregueiro
Assim que o avistar faça uma festa dobrada, abraçando-o e fingindo alegria em vê-lo com a seguinte cascata:
“Putaqueopariu, Zé Roberto! Tu num morre mais!!! Tava pensando em tu agorinha... Rapaz, tava tomando uma aqui pra afogar as mágoas de ter perdido o emprego. Tô lisinho, meu véi... Já ia falar fiado a Luciano e tu aparece pra me socorrer, meu anjo-da-guarda... tu caiu do céu, carái!”

2ª dê uma de doido
Quebre uma ou duas garrafas [acredite, o prejuízo com o arregueiro em sua mesa será maior], simule coito com a cadeira, fale sem parar sozinho [ou com o copo] sem prestar atenção aos cumprimentos dele e balbucie coisas do tipo: “Minha calça tá sem açúcar” ou “Nós decidimos que você deve morrer, pequeno Jimmy”. Ah, não esqueça de falar essas coisas sempre virando os olhos e rindo pr’um ponto no infinito.

Essas técnicas normalmente devem ser usadas quando você está bebendo sozinho. Mas, e se você estiver com os amigos?

3ª a conta fuderosa
Combine previamente com seus amigos [e com o dono do bar, lógico] a simulação de uma confusão por causa da conta absurda, caso surja um arregueiro. É ele chegando e você dizendo: “Mermão, que tanto a gente bebeu que deu 200 conto???”
Pronto, esse é o sinal.
“Duzentos contos? Como assim???”
“Esse porra quer ficar boçando pedindo uísque!!!”
“Uísque um carái, esse cara tá é querendo roubar a gente!!!”
[...]
É claro que o arregueiro vai cumprimentá-los rapidamente e sair de fininho pra não ver o desfeche da história.

4ª papos-chatos
Caso essas técnicas não dêem resultados, puxe papos-chatos, do tipo: novelas da Record, cirurgia de catarata da vovó, reunião da Associação de Moradores ou do novo movimento que está fazendo parte: “Salvem as libélulas-vermelhas do norte do Azerbaijão”.

Se AINDA ASSIM, ele insistir e não der no pé, é hora de recorrer a métodos menos ortodoxos:


5ª Ovo MAU-tino
Já que você tem que pagar cachaça pr’esse porra, que seja até o fim...
Faça-o ficar totalmente embriagado. De quatro, literalmente... e não alivie. Quando ele cair, arreie suas calças e quebre a clara de um ovo em sua bunda...
Se no outro dia ele num acreditar que foi “abusado”, parar de beber e virar crente, eu choche!

Reforce a história só pra garantir:
“Rapaz, fique tranquilo que não vou contar pra ninguém... só não sabia que tu era chegado num negão...”

Bem amiguinhos, é isso aí. Sempre alerta!

3 comentários:

Flavão disse...

hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah muito bom pablo, só não é mais engraçado por q é tragico, arregueiro é foda, ja sofri muito, hoje invariavelmente eu como arregueiros no café da manha ao alho e oleo, quando o cara dobra a esquina eu ja matei qualé a dele, nada melhor q a experiencia....

pablo disse...

foi mal, meu patrão... quer quantos vales pra esquecer a mágoa?

ass. família da arte

Luiziana disse...

Perguntar pelo pai é a apelação das apelações, é foda mesmo!