13/01/2009

Café Cordel


Essa receita vai pra quem não tem medo de se embriagar...

Existia no Recife Antigo, numa rua por trás da rua Bom Jesus, um barzinho chamado Café Cordel. De ambiente deveras aconchegante, música ambiente de qualidade incontestável e uma comidinha de dar água na boca até dos anjos.

Bom, esse tal café, me traz infinitas lembranças de noites festivas, chás da tardes, happy-hours, serestas e jantares deliciosos com amigos do trabalho, namorada, família e até encontros carnavalescos. É uma pena que fechou...

Lembro como hoje do gosto do carneiro com ervas, tapioca com leite de coco, carne de bode, bolo de fubá, nega boa [bebida à base de sorvete de café e chocolate] e tantos outros quitutes presentes na culinária nordestina e tão bem servidos aos clientes de Seu Francisco.

Ele, amante da boa música e literatura nordestina, colecionador de discos vinis e folhetos de cordel, administrava o bar como um pai italiano: muitos filhos sentados numa grande mesa e muita fartura.
Tudo isso se refletia no bom atendimento que o Café proporcionava a todos.

Lembro também das noites de lua cheia, dos shows ao vivo do nosso grande amigo Crente, dos poetas e seus recitais, de violões e flautas líricas nas prévias carnavalescas onde blocos de frevo-canção se encontravam para saudar seus foliões ali presentes.

Saudades de um tempo que faço questão de guardar na lembrança, contar nas rodas de amigos e, agora, dividir com vocês, leitores do "Butuca". Foi justamente no Café Cordel que entre várias coisas, aprendi a saborear a boemia e uma boa caneca de chope com licor de menta. Foi justamente essa caneca de chope que me motivou a escrever essa coluna pra vocês.

Meu amigo, pense numa coisinha gostosa pra deixar o cabôco com gosto de quero mais. E era justamente o que acontecia: eu sempre queria mais. Nunca parava na primeira caneca... E olhe que a caneca era grande, meu véi. Mas, deixemos de "pra-quê-isso" e vamos a receita:

Ingredientes:
-Uma caneca de 350ml com chope geladinho;
-Um calice de licor de menta;
-Um fígado novo em folha;
-Dois engov;
-Tempo de sobra;
-Amigos a gosto.


Modo de preparo:

Misture metade do calice de licor com o chope, beba ponderadamente e depois de se surpreender com o sabor adocicado do licor com o amargo do chope, faça uma reflexão do quanto consciente está seu subconsciente. Se seu subconsciente se encontrar no estado consciente, mergulhe de cabeça na segunda rodada de birita. Lembrando que cada rodada consiste de duas canecas do chope, logo, analise bem antes de enveredar nesse mato sem cachorro, certo?
No mais, boa farra e pode arrochar o nó porque o bicho vai pegar.

Abraços e até a próxima.

Um comentário:

Judapaz disse...

ich, deu curiosidade, mas deve ser perigosa essa bebida requintada...